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Segundo Crestana, o Brasil ganhou responsabilidade no combate à fome mundial | Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
Segundo Crestana, o Brasil ganhou responsabilidade no combate à fome mundial| Foto: Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo

Londrina - O Brasil assumiu o papel de fornecedor de alimento para o mundo e, sem novos avanços nas pesquisas agropecuárias, acabará colaborando para que a fome se alastre. A avaliação é do pesquisador e ex-presidente da Embrapa Sílvio Crestana, principal convidado da edição de ontem do Ciclo de Palestras Gazeta do Povo, realizado na sede do Instituto Agro­nômico do Paraná (Iapar), em Londrina. A discussão foi so­­bre De­­safios e Oportunidades do Novo Ciclo de Expansão do Agro­negócio, centrando-se em Tecno­logia e Inovação.

O país ganhou responsabilidade no combate à fome na última década, mostrou Crestana em números. Do ciclo agrícola 2000/01 até 2008/09, o mundo consumiu 102 milhões de toneladas de seus estoques de grãos, pontuou. E o Brasil produziu 186 milhões a mais do que consumiu, ajudando a preencher parte do déficit de 360 milhões de toneladas da China.

Pelo ritmo atual da economia, o planeta dificilmente reduzirá o número de famintos de 840 mi­­lhões para 400 milhões até 2015, conforme meta internacional estabelecida em 1996. "Hoje existe 1 bilhão de famintos", apon­tou, citando estimativa da Orga­ni­zação das Nações Unidas para o De­­sen­volvimento e a Agricultura (FAO).

Crestana analisou que o Brasil tem o desafio de criar novas instituições de pesquisa e desenvolver tecnologias nas regiões Norte, Nor­­deste e Centro-Oeste, menos es­­truturadas, e de reforçar os in­­ves­timentos nas regiões Sul e Sudeste.

O país terá melhor resultado associando-se a outros países do que investindo essencialmente na pesquisa nacional. "Os Estados Unidos têm 1,3 milhão de cientistas; a China, perto de 950 mil; o Japão, 550 mil. Nós temos 120 mil", comparou. Em sua avaliação, órgãos de pesquisa como o Iapar e a Embrapa tiveram papel fundamental para o desenvolvimento da agricultura e a sustentação do superávit da balança comercial, positiva há dez anos consecutivos graças aos produtos do agronegócio. Mas precisam de mais investimento.

Fortalecimento

O presidente do Iapar, Florindo Dalberto, falou na sequência que "o Paraná não consegue mais viver sem pesquisa". O instituto, criado em 1972, tem 1.210 vagas, mas 480 não estão preenchidas por servidores concursados. A promessa do governo do estado é fortalecer o Iapar e buscar integração com o agronegócio. Dalberto defendeu que o Paraná precisa criar com urgência uma lei de inovação, que coloque pesquisadores dentro das fazendas e empresas do setor. Em sua avaliação, as parcerias podem melhorar o aproveitamento dos recursos do Iapar – que tem orçamento de R$ 100 milhões neste ano.

O chefe de Pesquisa e Desen­volvimento da Embrapa Soja, também com sede em Londrina, José Renato Farias, contou que a instituição está ampliando seu leque de pesquisa. "Estamos evoluindo da era dos transgênicos simples e trabalhando com fatores ambientais como tolerância à seca, sem esquecer do melhoramento convencional."

Ivo Carraro, diretor executivo da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), que pertence a 34 cooperativas, destacou que "na agricultura o Brasil já é líder". "Um dia teremos menos de meio hectare por habitante para produzir alimentos. Avançamos muito em produtividade e precisamos de mais, sem degradar o meio ambiente."

A próxima edição do Ciclo de Palestras será na Expoingá, que ocorre de 5 a 15 de maio. O evento está marcado para dia 7 e contará com representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas­tecimento (Mapa), Embrapa, Iapar e Universidade Estadual de Maringá (UEM) para discutir o te­­ma "Agricultura de Alta Perfor­mance".

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