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Conforme analistas, inflação alta é o fator mais palpável para o bolso do eleitor, e que pode influenciar nas urnas | Antonio More / Gazeta do Povo
Conforme analistas, inflação alta é o fator mais palpável para o bolso do eleitor, e que pode influenciar nas urnas| Foto: Antonio More / Gazeta do Povo

Preços

Inflação "pesa" mais para decisão do voto

Dentre todos os índices que compõe o termômetro da economia, a taxa de inflação é o mais determinante para a decisão do eleitor. Segundo especialistas, o eleitor vê o comportamento dos preços finais como uma melhor medida para avaliar o desempenho da economia do que o comportamento dos juros, a balança comercial ou a taxa de câmbio.

Até mesmo por isso o resultado da disputa deste ano está mais acirrada que as anteriores. "A inflação está acima do teto da meta mas, mais do que isso, os preços de itens básicos estão com um aumento ainda maior, o que amplifica a percepção inflacionária", afirma o economista da Geral Investimentos, Filipe Machado.

Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está a 6,75% nos últimos 12 meses, os alimentos aumentaram 8,21%, os gastos com habitação subiram 8,7% e as despesas pessoais cresceram 9,12% no mesmo período de comparação.

Conjuntura

Em 2002, índices indicavam mudança política

Se os indicadores da economia brasileira de 2006 e 2010 levavam a crer, mesmo antes da disputa eleitoral começar, que a gestão do PT dificilmente seria derrotada nas urnas, os dados da conjuntura econômica brasileira de 2002 eram típicos de um cenário de troca de poder - o que efetivamente aconteceu, quando Lula derrotou o sucessor apoiado por Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro José Serra.

O Brasil já tinha superado o período de turbulência na sua política econômica, com a inflação, apesar de alta para os padrões atuais, já debelada. Outros indicadores, como renda e emprego, custavam a melhorar ao longo do ano eleitoral. "A economia estava controlada, mas o câmbio estava alto, o crédito era restrito, os juros estavam mais altos, então havia vários aspectos em que o governo era impopular nas suas decisões de política econômica", afirma o professor de economia da UnB, Roberto Ellery.

Na oportunidade, o temor do mercado ainda pesava contra uma mudança de gestão. "Existia um receio de como a economia iria se comportar com Lula, o que distorcia alguns índices, que naturalmente foram ajustados nos primeiros meses do governo do PT", completa Ellery.

29 de outubro de 2006. A inflação se mantinha abaixo do centro da meta, a 3,26% nos 12 meses anteriores, o desemprego caia, a um patamar de 9,2%, o crédito ao consumidor registrava um crescimento de 25% ao ano – e o candidato Luiz Inácio Lula da Silva era reeleito com 60% dos votos, apesar do escândalo do mensalão ter sido deflagrado um ano antes.

INFOGRÁFICO: Veja a situação da economia brasileira

Com números e personagens diferentes, a conjuntura econômica tem sido fundamental para determinar os eleitos nas últimas disputas presidenciais. Em 2014, no entanto, os indicadores são contrastantes: emprego e renda atingem seus melhores índices dos últimos anos, mas o crescimento do país e a inflação deflagram o desgaste do atual modelo econômico. No final das contas, os números conflituosos levaram a disputa deste ano ao desfecho mais acirrado desde a redemocratização.

Diferente das eleições passadas, o cenário econômico deste ano não é tão favorável à chapa da situação. Por um lado, o atual governo conta com o trunfo de registrar a mais baixa taxa de desemprego entre as últimas quatro campanhas, com somente 4,9% dos trabalhadores desocupados, e a manutenção do aumento da renda média do trabalhador.

Por outro lado, o crédito vem ficando mais restrito, a balança comercial apresenta o menor saldo e o crescimento da economia previsto para o ano é praticamente inexistente, a 0,7%. "Definitivamente é o cenário mais adverso que os governos do PT enfrentaram desde que assumiram o poder", avalia o economista da Geral Investimentos Filipe Machado.

Segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bruno De Conti, a expectativa futura da população com a economia também dificulta qualquer prognóstico.

"Nas eleições passadas, mesmo quando os índices não estavam muito bons, existia uma clara perspectiva de melhora. Hoje, isso é incerto", completa De Conti.

Retrospecto

A reeleição de Lula, em 2006, é um grande exemplo do quão determinante pode ser a conjuntura econômica para as eleições. "Caia um mito da moralidade do PT, mas o avanço da economia era incontestável. Foi uma candidatura praticamente imbatível", lembra o professor da Unicamp.

No processo eleitoral seguinte, mais uma vez alguns índices chamavam a atenção e garantiram a eleição da sucessora de Lula, Dilma Rousseff. Na época, a queda no desemprego a um patamar inédito no país até então, abaixo dos 7%, e o terceiro maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano em todo o mundo, de 7,2%, foram os fiéis da balança. "Suficientes para eleger um poste, como a Dilma era chamada à época", afirma o analista da Geral Investimentos, Filipe Machado.

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