Fachada de loja da Centauro| Foto: Leo_Castro

Um grande desafio se aproxima para a Centauro e vem sob a forma de uma corrida de obstáculos: a maior varejista de material esportivo do país terá de confirmar, aos investidores, as expectativas prometidas no IPO (oferta inicial de ações).

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Os papéis da empresa começam a ser negociados nesta quarta na B3. E segundo o site Seu Dinheiro, a operação movimentou R$ 772 milhões e colocou o preço inicial da ação em R$ 12,50.

O volume final do IPO será definido com o exercício do lote suplementar, que pode acontecer nos próximos 30 dias.

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A empresa, que tem 192 lojas e emprega 6.600 pessoas, pretende aproveitar os recursos para tomar uma série de medidas: 51% deve ir para amortizar o pagamento de dívidas, 30% para a reforma e abertura de lojas, 10% para reforçar o capital de giro e 9% para o fortalecimento do modelo de negócios omnichannel.

“Reforma de lojas pode não ser uma alternativa interessante para remunerar o capital”, afirma Felipe Tadewald, especialista em investimentos da Suno Research.

A tarefa promete ser árdua. Conquistar espaço em um segmento extremamente pulverizado não será fácil, diz o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos. Apesar de ser a líder no varejo de material esportivo, a fatia da Centauro é pequena: 5,5% e concorre em um mercado extremamente pulverizado, com grande presença de empresas regionais e familiares e que tem uma clientela fiel.

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Conquistar mais espaço não é tarefa simples, destaca o analista, mesmo com o segmento crescendo a um ritmo maior que o restante do comércio. No ano passado, o varejo de material esportivo cresceu 5,3%, enquanto que o comércio se expandiu 2,3%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Uma das principais concorrentes, a francesa Decathlon levou dez anos para colocar a operação brasileira no azul. A Netshoes, com um foco mais na web do que a Centauro, enfrenta problemas com seus negócios. “As margens não são altas neste segmento”, afirma Arbetman.

Cenário econômico

Uma das barreiras a ultrapassar será superar o cenário econômico. Economistas apontam que, no médio prazo, o desemprego não terá uma queda forte. E, um outro agravante, é a tendência de alta nos juros para 2020 e 2021, quando elas poderão chegar a 8% ao ano, segundo pesquisa semanal feita pelo BC junto a instituições financeiras.

“Isto significa que as despesas administrativas e operacionais poderão aumentar, corroendo as margens da empresa”, diz Tadewald. “E, no médio e longo prazo, pode implicar em aluguéis mais caros nos espaços onde a Centauro tem lojas”, complementa o analista da Ativa.

Estratégias e desafios da Centauro

Uma das estratégias da varejista é o de expandir a integração entre as lojas físicas e a internet. Atualmente, 15 unidades operam no modelo omnichannel e a ideia, até o final do ano, é o de expandir esse modelo para outras 20 lojas existentes e para 10 a serem implantadas. No ano passado, 16% das vendas da Centauro vieram de meios digitais.

Segundo a empresa, esta plataforma tecnológica tem como base a integração dos estoques dos canais físico e digital. Assim, todas as lojas físicas passam a atuar como “hubs” de distribuição, possibilitando ao cliente retirar e trocar nas lojas físicas produtos adquiridos na plataforma digital e receber em casa produtos que se encontravam nos estoques das lojas físicas, mas foram comprados na plataforma digital.

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Apesar dos desafios, a empresa tem uma série de cartas na manga: está presente nos principais shoppings brasileiros; tem exclusividade na negociação com fornecedores internacionais de grande porte; planeja reforçar a estratégia omnichannel, na qual as lojas tem um faturamento até 25% maior; tem baixa alavancagem e conseguiu fechar os últimos dois anos com quase R$ 390 milhões de lucro, em meio a um cenário travado para o comércio. Mas, em 2018, o resultado foi 38,3% menor do que no ano anterior.

Mas, de acordo com o analista da Ativa, metade do lucro da empresa é decorrente da instalação de um centro de distribuição em Extrema (MG), que fica às margens da rodovia Fernão Dias (BR-381), que liga São Paulo a Belo Horizonte.

Outro obstáculo que a Centauro terá é a sazonalidade das vendas de material esportivo. O ano passado foi beneficiado pela Copa do Mundo, na Rússia. A empresa também tem uma baixa presença no e-commerce em comparação a players como a Netshoes, enfatiza Arbetman.