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Murilo Ferreira pediu para assumir o posto somente após a conclusão do balanço auditado. | Nacho Doce/Reuters
Murilo Ferreira pediu para assumir o posto somente após a conclusão do balanço auditado.| Foto: Nacho Doce/Reuters

A Petrobras confirmou nesta sexta-feira (27) a indicação de Murilo Ferreira, presidente da Vale, para assumir o comando do conselho de administração da estatal a partir de 29 de abril, quando acontece a assembleia de acionistas. Até lá, quem responde interinamente pelo cargo é presidente do BNDES, Luciano Coutinho. A estratégia é transformar a reunião ordinária no momento de “repactuação” da empresa com o mercado, como descreveu o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.

Segundo ele, em abril a companhia encontrará “soluções regulamentadas” para suas pendências, como o balanço financeiro de 2014, que aguarda uma definição sobre as perdas contábeis decorrentes da corrupção.

Leilão no pós-sal

O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, informou nesta sexta-feira (27) que a 13ª rodada de licitações de áreas no pós-sal (acima da camada de sal no oceano) para exploração de petróleo e gás só vai ser realizada no fim de 2015. O leilão estava previsto para o início deste ano. A queda nos preços do petróleo no mercado internacional e o esquema de corrupção na Petrobras contribuíram para o adiamento.

Além de acenar aos investidores, a estratégia também oferece à companhia mais tempo para amadurecer a divulgação de sua prestação de contas. O tema foi excluído da pauta da assembleia agendada para o dia 29 de abril. Assim, os acionistas só poderão deliberar sobre “destinação do lucro líquido, distribuição de dividendos e orçamento” em assembleia de caráter extraordinário “a ser oportunamente convocada”.

“Este mês será de decisões muito importantes, com relação ao balanço, ao conselho de administração, e a uma repactuação da empresa com o mercado e com os operadores da indústria do petróleo”, afirmou Braga. Ele ressaltou, ainda, que a apresentação do balanço “não deve passar de abril”.

Na última quinta-feira (26), na penúltima reunião do atual conselho, os integrantes discutiram um “calendário” detalhando a evolução das análises contábeis de 2014. A avaliação de fontes próximas ao conselho é que o trabalho “está engatilhado”. A divulgação, entretanto, ainda depende da auditoria produzida por escritórios de advocacia independentes contratados em novembro pela Petrobras. A análise foi uma exigência da PriceWaterhouseCoopers (PwC) para aprovar o balanço.

Condição

No mercado, comentou-se que a conclusão do balanço era apontada como uma das condições colocadas por Murilo Ferreira para assumir o conselho de administração da estatal. Ele só assumirá após a assembleia ordinária. Até lá, de acordo com o ministro Braga, a estatal também terá “boas notícias” sobre a situação dos contratos com as empresas suspeitas de pagar propina para obter contratos.

Braga afirmou que o Tribunal de Contas da União (TCU) está “muito próximo de tomar decisões importantes” sobre a companhia, citando a nova legislação sobre acordos de leniência com empresas investigadas por corrupção. Dessa forma, a companhia poderia retomar o prumo, com um novo e mais modesto plano de negócios e gestão.

“É preciso saber separar as empresas, as instituições, daqueles que cometam crimes. Na democracia é preciso punir culpados mas reconhecer que as empresas precisam sobreviver para que os empregos, os investimentos e a dinâmica da economia brasileira não seja afetada”, afirmou.

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