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Em 2006 a cesta básica de Curitiba registrou a maior queda de preço em relação ao ano anterior desde que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) iniciou o levantamento, em 1994. A lista de 13 produtos caiu 5,05% na capital – a quarta maior queda do país. Das 16 capitais pesquisadas, 13 tiveram redução no custo da alimentação.

O resultado é bem vindo para o consumidor, mas tem aspectos adversos para outros segmentos da economia. "O maior impacto da deflação é no bolso do consumidor. Algumas famílias aproveitam para se alimentar melhor, outras destinam o dinheiro para outros gastos. Mas para o produtor agrícola a queda é negativa. Houve até mesmo desaceleração nas contratações no campo", explica o economista do Dieese, Sandro Silva.

Para o varejo, a queda nos preços significa menor rentabilidade. "A deflação não é permanente porque decorreu da crise do campo, que sofreu com gripe aviária, febre aftosa e quebra de safra. A maior oscilação foi em frutas, verduras e legumes, em que vendemos mais volumes e tivemos menos faturamento", diz Frederico Kaefer, superintendente da rede de supermercados Super Dip. A expectativa do setor é fechar 2006 com queda de receita em torno de 1%.

Os produtos que tiveram maior redução de preço no ano foram a batata (-53%) e o tomate (-34%), que compensaram as fortes altas de 2005. O preço do feijão, importante na mesa do brasileiro, caiu 28%, vendido em média a R$ 1,96 o quilo em dezembro. "Em setembro de 2005 o quilo chegou a R$ 2,78, por conta da seca, que diminuiu a oferta no mercado", diz Silva.

Mas produtos fundamentais ficaram mais caros, como a farinha (25,6%), por conta dos estoques internacionais de trigo, os mais baixos dos últimos 20 anos. Para o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo, Roland Guth, o produtor e a indústria receberam a valorização de braços abertos, pois, segundo ele, os preços estavam defasados. "Para o consumidor a alta não foi tão radical", diz. O pão subiu 1,70% no ano.

O arroz, que subiu 22,14%, recupera quedas de 2005. Já a alta do açúcar (18,6%) deve durar, pois é reflexo do aumento no consumo do álcool e das exportações. A carne ficou 5,23% mais cara no ano passado, oscilando devido aos embargos que se seguiram às suspeitas de febre aftosa. O quilo de coxão mole custa em Curitiba cerca de R$ 9,86.

Em dezembro, a cesta básica vendida em Curitiba ficou ainda mais barata do que no acumulado do ano (-5,34%), influenciada pela batata, a banana e o tomate. A queda foi compensada no cálculo anual pela alta, entre setembro e novembro, de 14,7%. No último mês do ano a capital registrou a sétima mais cara cesta básica do país, mas teve a terceira maior redução ante novembro, atrás de Florianópolis e Aracaju.

A alta do óleo de soja em dezembro (10,2%), relacionada ao aumento de demanda e da cotação internacional da soja, revelam que os preços devem iniciar o ano em alta e se manter assim durante 2007.

O custo da cesta para um trabalhador está em R$ 168, o que representa menos de 49% do salário mínimo – e a proporção vem diminuindo a cada ano. Em 1990, era de 96%. De acordo com o Dieese, a redução deve se acentuar com a alta do aumento do poder aquisitivo da população a partir de abril, quando o salário mínimo irá, ao que tudo indica, para R$ 380.

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