O leilão de transmissão de energia realizado nesta quinta-feira, terceiro e último de 2010, representou a primeira vitória de uma empresa chinesa em um certame e foi marcado por altos deságios.

CARREGANDO :)

Grandes companhias que estavam na disputa --como Copel, Cteep e Taesa-- ficaram fora da lista de vencedoras.

Além disso, o evento promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na Bovespa, em São Paulo, registrou, pela primeira vez no ano, um lote sem propostas, cujo destino ainda não foi definido.

Publicidade

A agência reguladora levou a leilão 555 quilômetros de linhas de transmissão e subestações divididas em oito lotes, com investimentos totais previstos em 785,8 milhões de reais. Vencia o leilão a empresa ou consórcio que oferecesse o maior deságio em relação à Receita Anual Permitida (RAP) definida.

Segundo o diretor da Aneel Edvaldo Santana, o deságio médio em todo o leilão foi de 43,67 por cento. "Os deságios mostram confiança no Brasil", disse Santana a jornalistas após o leilão.

A receita total das empresas que vão operar as linhas e as subestações arrematadas em sete lotes será de 52,42 milhões de reais, contra o teto estipulado em 93 milhões de reais. A diferença, destacou a Aneel, contribui para modicidade tarifária, já que a receita das transmissoras é um dos componentes do custo da energia.

Sobre o lote E, sem propostas, o diretor da Aneel disse que "quando isso acontece é sempre uma surpresa", e que será investigado o motivo que resultou na ausência de proponentes.

ENTRADA CHINESA

Publicidade

A empresa chinesa Zhejiang Insigma United Engineering marcou sua entrada no Brasil ao vencer, na modalidade de consórcio, o lote A do leilão, o maior da licitação, ao oferecer RAP de 19,9 milhões de reais, deságio de 46,11 por cento.

A Zhejiang tem 40 por cento do consórcio, que inclui ainda a Procable Engenharia e Telecomunicações, com 40 por cento, e a gaúcha Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEE-GT), com 20 por cento.

O lote A corresponde a cinco linhas de transmissão de 102 quilômetros e quatro subestações no Rio Grande do Sul.

A primeira investida chinesa do setor brasileiro de transmissão aconteceu neste ano quando a estatal State Grid comprou por 3,7 bilhões de reais ativos da Plena Transmissora.

O lote B do leilão correspondia à subestação Foz do Chapecó (RS). A vencedora foi a Empresa de Transmissão de Energia do Rio Grande do Sul (RS Energia), que ofereceu deságio de 39,94 por cento.

Publicidade

O lote C correspondia à subestação Corumbá, em Goiás, com RAP de 4,1 milhões de reais. O consórcio Caldas Novas --formado por Furnas (controlada pela Eletrobras), Desenvix Energias Renováveis, Santa Rita Comércio e Instalações e CEL Engenharia-- ofereceu o maior deságio --de 20 por cento-- e venceu.

Já o lote F foi vencido pela Eletronorte, empresa da Eletrobras, que ofereceu deságio de 35,03 por cento pela subestação em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso.

O lote G, que foi o mais concorrido ao contar com oito proponentes, foi vencido pela espanhola Elecnor Transmissão de Energia, que ofereceu deságio de quase 50 por cento. O lote correspondia a uma linha de transmissão de 295 quilômetros e uma subestação no Mato Grosso do Sul e tinha o maior RAP, de 33,25 milhões de reais.

O lote H correspondia a uma subestação de energia em Sete Lagoas, em Minas Gerais. A espanhola Cobra Instalações e Serviços foi a vencedora do lote, propondo deságio de 45,08 por cento em relação à receita máxima.

O lote I, o último do certame, era de uma linha de transmissão no Pará com 108 quilômetros de extensão. A RAP era de 5,5 milhões de reais. A vencedora foi a Abengoa Concessões Brasil Holding, controlada pela espanhola Abengoa, que ofereceu deságio de 11,85 por cento.

Publicidade

Em 30 de novembro, a Aneel retirou do certame o lote D, que correspondia a uma linha de transmissão e uma subestação no Paraná. Segundo a Aneel, uma nova avaliação mostrou que a linha de transmissão teria que ser maior e que não haveria tempo hábil para alteração no projeto a tempo para o leilão.