Veja um balanço do nível dos reservatórios do Rio Iguaçu no ano de 2010| Foto:

Tarifas

"Bandeiras" avisarão consumidor sobre custos de geração

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quer mudar o modelo de estrutura tarifária para a cobrança do consumo de energia nas contas de luz. Pela proposta, serão criadas tarifas diferenciadas para os consumidores de baixa tensão, que são, em sua maioria, os usuários residenciais. Pelo novo modelo, serão criadas três tarifas diferenciadas ao longo do dia: uma mais barata, que vigorará na maior parte dos horários; outra mais cara, no momento em que o consumo de energia atinge o pico máximo; e uma terceira tarifa intermediária, que será cobrada entre esses dois horários. O objetivo é que o consumidor desloque o consumo de energia para os horários em que a tarifa é mais barata, diminuindo o valor da sua fatura no fim do mês.

A Aneel também vai criar "bandeiras tarifárias" nas cores verde, amarela e vermelha, para alertar toda a sociedade sobre os custos de geração de energia ao longo do tempo. Quando a Aneel anunciar a "bandeira verde", isso indicará um cenário de custos baixos para gerar a energia que chega ao consumidor. A "bandeira amarela" representará um sinal de atenção, pois alertará que os custos de geração estão aumentando. Já a "bandeira vermelha" indicará que uma situação mais grave, na qual, para suprir a demanda, estão sendo acionadas uma grande quantidade de termelétricas para gerar energia, que é uma fonte mais cara do que as usinas hidrelétricas, por exemplo.

Nelson Hubner, diretor-geral da Aneel, explicou que, com a implementação das bandeiras tarifárias, o consumidor saberá se a energia que ele está recebendo em sua casa está mais cara ou mais barata em função da abundância ou falta de chuvas. "As bandeiras darão um sinal adequado para o consumidor usar racionalmente a energia, pois ele saberá que a energia está mais cara", disse. Hoje, o impacto da falta de chuvas e da necessidade do acionamento de térmicas, por exemplo, só é sentido pelo consumidor na época do reajuste da tarifa. A Aneel pretende implementar a nova estrutura de tarifas a partir do terceiro ciclo de revisões tarifárias, que se iniciará em abril de 2011. O órgão regulador receberá contribuições e sugestões para a proposta até 17 de fevereiro de 2011.

Agência Estado

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Após seis meses em queda, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Rio Iguaçu, os principais do estado, voltaram a subir neste mês. Graças às fortes chuvas do início da semana passada, os lagos avançaram 15 pontos porcentuais em apenas sete dias e atingiram no último domingo 59% de seu volume máximo, retornando aos patamares em que estavam três meses atrás. Em Curitiba, onde ficam as nascentes do Iguaçu, choveu 258 milímetros de 1.º a 19 de dezembro, segundo o Instituto Simepar – 72% a mais que a precipitação considerada normal para todo o mês (150 mm).

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível atual das represas do rio é o dobro do registrado há um mês (29%). Mas, em razão dos vários meses de pouca chuva, a marca é a mais baixa para esta época do ano desde 2006, quando uma longa estiagem baixou os reservatórios para apenas um terço de sua capacidade máxima.

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De todo modo, o cenário do armazenamento de água já é bem mais tranquilo. Na média da Região Sul, as represas subiram de 50% para 61% do volume máximo entre 12 e 19 de dezembro, afastando-se do nível considerado de risco para esta época (13%). Nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, a situação é um pouco mais apertada, mas não chega a ser alarmante – os lagos dessas regiões ocupam cerca de 42% da capacidade total, contra um nível de risco de 10%.

Menos térmicas

A melhora das condições do Sul permitiu ao ONS desativar algumas termelétricas que vinham funcionando nos últimos meses para poupar os reservatórios das hidrelétricas. Uma das desligadas foi a UEG Araucária, na região metropolitana de Curitiba, que pertence à Copel e é operada pela Petrobras. Movida a gás natural importado da Bolívia, a térmica teve sua produção reduzida gradativamente desde o início do mês, e gerou energia pela última vez na quarta-feira passada.

Com menos térmicas funcionando, a participação desse tipo de energia no total gerado no país está em queda. Depois de oscilar entre 12% e 14% de agosto a novembro, a fatia das termelétricas começou este mês próxima de 11% e, nos últimos dias, tem variado entre 7% e 8% da geração elétrica nacional.

Despesas triplicam

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O uso de termelétricas – cujo custo é superior ao das hidrelétricas – está mais baixo nas últimas semanas, mas ainda assim o brasileiro terá uma conta alta a pagar por ele no ano que vem. Segundo estimativa da Associação Brasi­leira de Grandes Consumi­dores Industriais de Energia (Abrace), a operação das térmicas para assegurar a segurança energética do país custou R$ 647 milhões de janeiro a novembro, quase o triplo do valor gasto em todo o ano passado – R$ 235 milhões, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Incluindo na conta os subsídios às regiões ainda não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que dependem exclusivamente de termelétricas, o desembolso total subiu de R$ 521 milhões no ano passado para R$ 1,54 bilhão nos 11 primeiros meses de 2010. Esse valor será pago pelo consumidor ao longo do próximo ano, diluído nas faturas das distribuidoras de todo o país. No caso da Copel, o efeito aparecerá no reajuste marcado para junho de 2011.