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Torre de transmissão no Paraná: o cenário é assim, tranquilo, para o fornecimento de energia em 2009 | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Torre de transmissão no Paraná: o cenário é assim, tranquilo, para o fornecimento de energia em 2009| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Conta de luz vai subir pelo menos 5%

As distribuidoras que fornecem energia ao mercado regulado, formado por residências, comércio e grande parte da indústria, terão direito a reajustes de 5% a 10% neste ano, segundo especialistas no setor. Para alguns analistas, como Márcio Sant’Anna, sócio-diretor da Ecom Energia, a correção pode ser ainda maior, acima de 20%.

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Pelos próximos três meses, o Brasil importará da Bolívia apenas 75% do volume de gás natural a que tem direito. Anunciada na semana passada, a redução – desta vez, voluntária – se deve ao bom nível dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras, que permitiu ao governo desligar parte das usinas térmicas movidas a gás durante o período de chuvas. Impensável um ano atrás, a atitude ilustra a tranquilidade esperada para a oferta de eletricidade no país em 2009. Nem a atual estiagem no Sul do país parece preocupar autoridades e especialistas do setor.

"O cenário climático é, de modo geral, favorável, e a economia está se desacelerando. A curto e médio prazo, não teremos problemas", diz Edmar de Almeida, professor do grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para Márcio Sant’Anna, sócio-diretor da comercializadora de energia Ecom, "o risco de racionamento neste ano é zero".

Trata-se de uma mudança radical de cenário: há onze meses, o Instituto Acende Brasil previa que o país tinha de 6% a 10% de chances de enfrentar um apagão em 2009. Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse na sexta-feira que, ainda em janeiro do ano passado, o risco de racionamento iminente no Brasil chegou a 20%, tendo subido para 32% no mês seguinte. Na ocasião, foi ignorado pelo Ministério de Minas e Energia, mas até hoje mantém sua versão.

A atual situação do setor já se reflete na forte queda dos preços do mercado livre, segmento que responde por 27% do consumo nacional e do qual participam grandes consumidores de energia, principalmente da indústria. Por outro lado, a combinação de uma série de fatores fará com que os demais consumidores, clientes do mercado regulado, paguem mais caro pela eletricidade neste ano. A começar pela salgada fatura das usinas térmicas, que trabalharam dobrado em 2008 justamente para poupar os reservatórios das hidrelétricas (veja matéria na página 7).

Demanda menor

O "estoque" de água formado ao longo de 2008 e a perspectiva de chuvas dentro da média histórica no primeiro semestre – ainda que no momento haja estiagem em algumas regiões – já prenunciavam uma certa folga no abastecimento. Em setembro, antes mesmo do estouro da crise, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou esperar uma "sobra" de 900 megawatts (MW) em 2009, potência suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes. A possibilidade de déficit de energia foi descartada de vez na sequência, assim que ficaram mais nítidos os sinais de que a produção industrial sofreria forte desaceleração.

A crise fez a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão federal responsável pelo planejamento do setor, reduzir de 5,8% para 5,2% a projeção de aumento da demanda por energia em 2009. Essa perspectiva pode cair ainda mais, pois tem como base um crescimento de 4% da economia neste ano, previsão que hoje é tida como bastante otimista.

Segundo os dados mais recentes, o consumo industrial, responsável por metade da demanda de eletricidade do país, caiu 4% entre outubro e novembro. Tudo indica que houve novas baixas desde então. De acordo com o ONS, a geração de energia elétrica para o Sistema Interligado Nacional (SIN) nos seis primeiros dias de 2009 recuou quase 10% em relação à carga do início de dezembro, para 45 mil MW médios. O número também é 11% menor que o registrado no início de janeiro de 2008.

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