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Iniciativas

EUA começam a incentivar uso do biogás

Nos últimos cinco anos, muitos países europeus aumentaram sua confiança na energia renovável, de fazendas de vento (com as turbinas eólicas) a represas hidrelétricas, pois os combustíveis fósseis são caros no continente – e seu uso excessivo é eficientemente tributado pelo sistema de comércio de emissões da União Europeia.

Porém, em muitas regiões agrícolas, um componente crucial da energia renovável passou a ser o gás extraído da biomassa, como detritos do plantio e de alimentos. Somente na Alemanha, há cerca de 5 mil sistemas de biogás gerando energia, sendo muitos deles em propriedades individuais.

Nos Estados Unidos, os sistemas de biogás são raros. Hoje existem 151 digestores de biomassa no país, em sua maioria pequenos e usando somente esterco, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). A EPA estima que seria viável instalar essas usinas em cerca de 8 mil propriedades.

Até o momento, nos Estados Unidos, tais projetos foram limitados pelo alto custo inicial, pelo reduzido apoio financeiro governamental e pela falta de um modelo de negócios. Não existe uma rede de abastecimento para transportar o esterco a uma usina centralizada, nem um canal de distribuição para vender o biogás gerado.

Ainda assim, diversos estados e empresas já consideram novos investimentos. Em novembro, duas empresas públicas da Califórnia, a Southern California Gas e a San Diego Gas & Electric, requisitaram permissão junto à Comissão de Utilidades Públicas do estado para construir usinas que transformariam lixo orgânico da agricultura, e gás de usinas de tratamento de água, em biogás – produto que alimentaria as tubulações de gás natural do estado após a purificação.

O uso do biogás ajudaria essas empresas a cumprir os requisitos, da Califórnia e de muitos outros estados, de gerar parte de sua energia usando fontes renováveis na próxima década.

Tanto o gás natural quanto o biogás criam emissões quando queimados, mas muito menos que o carvão e o petróleo. E, ao contrário do gás natural, que é retirado de subterrâneos profundos, o biogás conta como fonte renovável de energia: ele é feito de detritos biológicos que, em muitos casos, iriam simplesmente se decompor em campos de plantio ou aterros sanitários, sem gerar nenhum benefício, liberando metano na atmosfera e contribuindo ao aquecimento global.

Há três meses, emissários da Iniciativa de Bioenergia do Wisconsin visitaram programas alemães de biogás para ajudar na formulação de um plano para desenvolver a indústria. "O biogás é o combustível de oportunidade para o Wisconsin", disse Gary Radloff, diretor da iniciativa para o centro-oeste.

Como Kristianstad, a Califórnia e o Wisconsin produzem grande quantidade de dejetos com o processamento de alimentos e as fazendas de laticínios, mas o suprimento de combustíveis fósseis é inadequado para suprir suas necessidades.

Uma década atrás, quando a cidade prometeu acabar com os combustíveis fósseis, isso era um objetivo grandioso, como zerar as mortes por acidentes de trânsito ou eliminar a obesidade infantil.

Mas Kristianstad já cruzou uma linha crucial: a cidade e sua região, com uma população de 80 mil habitantes, praticamente não usa petróleo, gás natural ou carvão para aquecer casas e negócios, mesmo durante os longos e severos invernos. Trata-se de inversão completa em relação a 20 anos atrás, quando toda a sua calefação vinha de combustíveis fósseis.

Mas essa região no sul da Suécia, mais conhecida como lar da vodka Absolut, não trocou os combustíveis por painéis solares ou turbinas eólicas. Em vez disso, como convém a uma região que é um epicentro de agricultura e processamento de alimentos, sua energia vem de um sortimento variado de ingredientes – como casca de batatas, esterco, óleo de cozinha usado, biscoitos velhos e intestinos de porco.

Uma grande fábrica, em operação há 10 anos nas imediações de Kristianstad, usa um processo biológico para transformar os detritos em biogás, uma forma de metano. Esse gás é queimado para criar calor e eletricidade, ou refinado para combustível de automóveis.

Assim que os pais da cidade desenvolveram o hábito de aproveitar a energia localmente, eles enxergavam combustíveis em todo lugar: Kristianstad também queima gases vindos de um antigo aterro sanitário e de reservatórios de esgoto, além de sobras de madeira de fábricas de pisos e podas de árvores.

Usando o biogás para uma remodelação generalizada de energia, a cidade cortou pela metade o uso de combustíveis fósseis e reduziu suas emissões de dióxido de carbono em um quarto na última década.

"Esse é um abastecimento de energia muito mais seguro – não queríamos mais comprar petróleo do Oriente Médio ou da Noruega", disse Lennart Erforts, o engenheiro que supervisiona a transição nesta pitoresca cidade de casas do século 18. "E isso criou empregos no setor de energia."

Kristianstad gasta cerca de US$ 3,2 milhões ao ano para aquecer seus prédios municipais, em vez dos US$ 7 milhões que gastaria se ainda dependesse de petróleo e eletricidade. A cidade abastece seus carros, ônibus e caminhões municipais com biogás.

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