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As classes média e alta da sociedade paranaense aumentaram em três milhões de pessoas entre 1997 e 2008, o que equivale a um crescimento de 61,3%. A população do Paraná cresceu 15% no mesmo período. O número de pessoas com renda capaz de colocá-las nas classes A, B e C do estado era de 7,8 milhões em 2008, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amos­tragem Domiciliar (Pnad) do IBGE organizados pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

A movimentação em direção aos estratos mais ricos foi vista principalmente pelo crescimento linear da classe média (classe C), que aconteceu em todo o país, mas de maneira mais consistente no Paraná. Em 1997, essa faixa de renda estava quatro pontos porcentuais abaixo da média da Região Sul. No ano passado, a diferença havia caído um ponto (veja quadro ao lado). Em 2008, três em cada cinco paranaenses pertenciam à classe C.

Para o professor do departamento de Economia da Uni­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR), Igor Zanoni Leão, esse crescimento pode ser justificado com o desenvolvimento da agroindústria. "A classe C é marcada pelo assalariado com carteira assinada, segmento que cresceu muito com o estouro do cultivo de soja e da indústria de carnes no interior, além das indústrias de veículos na região metropolitana. Esses setores também foram fortalecidos nos últimos anos com o incremento das exportações", diz.

O retrato numérico da concentração de renda neste período mostra também que, excluindo-se a capital, os municípios que fazem parte da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) tem hoje o maior porcentual de pobres do estado – 9% – posto antes ocupado pelas cidades do interior. Essa região tem também o menor índice de erradicação da pobreza, considerando as pessoas que saíram da mais baixa faixa de renda – essa variação (-38,6%) foi inferior à média nacional. Nesses doze anos, as concentração de ricos (AB) no entorno de Curitiba também permaneceu inalterada, enquanto cresceu em todas as outras regiões geográficas.

As cidades de interior paranaense, por outro lado, são as que mostraram as maiores diferenças na concentração da renda familiar: antes tinham a maior média de pobreza do estado (22,5%), mas nos últimos 12 anos viram as fatias das classes A, B e C engordarem mais de 50%. Sua concentração de pobres caiu 62% no período.

Curitiba, por outro lado, já teve 2,5 vezes mais ricos do que o restante do estado. Hoje ainda tem o dobro, com 27% da população nas classes mais abastadas – na prática, um em cada quatro curitibanos está no topo da pirâmide. Ainda assim, a capital paranaense está na lanterna da Região Sul – Porto Ale­­­gre tem 27,3% e Florianópolis, 36,5%.

Segundo Zanoni, os números da Pnad indicam uma movimentação positiva na situação econômica das famílias, mas que ainda precisa continuar. "Para o IBGE, estar na classe AB significa ter renda familiar de R$ 4,8 mil, que pode ser representado por um casal de funcionários públicos em início de carreira. O salário ainda é baixo frente às despesas básicas – o Dieese calcula que o mínimo por pessoa deveria ser R$ 2 mil", diz. Segundo a Pnad, a renda média per capita no país é de R$ 592,12, no Paraná é R$ 692,43, e em Curitiba, sobe para R$ 1.148,15.

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