Para aumentar a produção de alimentos no país, o Ministério da Agricultura pretende investir na chamada "classe média rural". Mas não com recursos do governo. A ideia, de acordo com o ministro interino da Agricultura, José Carlos Vaz, é capacitá-los para gerenciamento de sua renda e atração de investimentos no setor privado.
Os médios produtores do país deverão compor um cadastro nacional para que o ministério saiba quem são e onde estão. Depois, serão capacitados a conhecer os recursos do meio financeiro. Uma das estratégias será fechar uma parceria com a BM&F Bovespa para que eles participem de gravames quando colocam a propriedade e os produtos agrícolas como garantia do investimento. Hoje poucos produtores têm relação com a bolsa. As vendas antecipadas são realizadas com a troca de grãos por insumos, mediante fixação de preço para a época da colheita.
Vaz falou sobre a classe média rural durante um evento em Ribeirão Preto (SP), a 313 quilômetros de São Paulo, em que se discutiu o planejamento estratégico da agricultura no Brasil. A meta é dobrar a colheita até 2050 e estruturar os elos da cadeia produtiva, incluindo a indústria de máquinas.
"Não podemos deixar de investir em tecnologia nem deixar de ter dinheiro em caixa", disse Vaz. Isso garantiria maior equilíbrio à venda de máquinas e implementos.
A comercialização de máquinas agrícolas nacionais estaria sendo ameaçada pela constante entrada de produtos estrangeiros, de acordo com o presidente da Câmara Setorial Máquinas e Implementos Agrícolas, Celso Casale. As importações no setor somaram US$ 557,4 milhões entre agosto do ano passado e setembro deste ano o valor é dois terços maior do que no período anterior. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas Agrícolas (Abimaq). Para Casale, se as taxas tributárias não forem reduzidas, aumentando a competitividade do produto brasileiro, a alternativa será produzir fora do país.
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