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 | Mauro Campos
| Foto: Mauro Campos

Dez meses depois da crise que atingiu quase todos os gestores de fundos de investimento do Brasil, a Global Invest Asset Management, com sede em Curitiba, ainda não se reergueu do tombo. Os dois fundos nacionais que ela opera têm hoje patrimônio de R$ 180 mil, bem menos de 1% do que o registrado em março de 2006. Para piorar a situação, a empresa virou alvo de ações judiciais movidas por clientes insatisfeitos. A Unimed Curitiba entrou com uma ação na 6.ª Vara Cível da capital pedindo reparação de danos contra a Global no valor de cerca de R$ 4 milhões, por suposta má gestão em um fundo exclusivo. Outra ação, que tramita no Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, exige o resgate de US$ 105 mil dólares depositados por um cliente em um fundo off shore.

O fundo exclusivo da Unimed Curitiba foi criado em 2004 e tinha como custodiante o banco de origem alemã West LB do Brasil. No final de 2005, a Unimed tinha aplicado no fundo R$ 15,2 milhões. Os problemas, de acordo com o diretor-presidente da Unimed Curitiba, Sérgio Ioshii, ocorreram em maio do ano passado, quando o fundo apresentou variação negativa muito superior à do mercado. "Quando percebemos isso, como forma de proteger nosso patrimônio, resolvemos resgatar o dinheiro", afirmou. Foram resgatados R$ 14,6 milhões. Segundo Ioshii, a Global Invest não seguiu as normas impostas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). "A empresa alegou que foi uma variação normal de mercado, mas para nós a gestão foi inábil", acrescentou. Ainda não há nenhuma decisão a respeito da ação.

Em outro caso, a decisão mais recente é favorável à Global. Em fevereiro, a juíza Mayra Rocco Stainsac, da 20.ª Vara Cível de Curitiba, havia determinado o resgate de US$ 105 mil depositados por um cliente estrangeiro no fundo off shore Giamo Fund, sediado nas Ilhas Cayman. O processo envolve a Global e outras empresas que participaram do lançamento do Giamo – os bancos UBS S.A e Itaú e a auditoria PricewaterhouseCoopers. Caso não realizassem o resgate, as empresas estariam sujeitas a multa diária de R$ 20 mil. As empresas entraram com um agravo de instrumento no Tribunal de Justiça do Paraná e conseguiram reverter os efeitos da liminar até o julgamento do mérito do recurso.

De acordo com o advogado Nemo Eloy Vidal Neto, autor da ação, todas as empresas relacionadas foram intimadas porque ainda não é possível saber quem é responsável pela administração – e pelos problemas – do fundo. Ele disse que, em breve, deve ingressar com novas ações judiciais de outros clientes do Giamo Fund.

O fundo foi lançado pela Global em 2004, tendo o UBS como administrador e o Itaú como custodiante. Segundo Vidal Neto, em maio do ano passado, quando os fundos nacionais geridos pela Global Invest sofreram grandes variações negativas, a empresa parou de fornecer informações e extratos para os clientes dos fundos off shore. "Vários clientes começaram a pedir o resgate das aplicações, o que pelo contrato deveria ser feito em uma semana. Mas ninguém conseguiu sacar nada", afirmou.

O advogado conta que mandou ofício para todas as empresas, mas só o Itaú respondeu. "O banco informou que estava fazendo sua parte. Alguém fez alguma coisa errada, mas ninguém quer se responsabilizar por isso", declarou. Segundo levantamento informal do advogado com os clientes do fundo, o patrimônio do Giamo Fund no ano passado era próximo de US$ 5 milhões.

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