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Alexandre Tombini, presidente do BC e membro do CMN | Valter Campanato/ABr
Alexandre Tombini, presidente do BC e membro do CMN| Foto: Valter Campanato/ABr

O governo deverá manter a meta de inflação de 4,5% em 2014 ao fim da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 28. Segundo especialistas, a gravidade da crise internacional, sobretudo na Europa, deve impedir qualquer mudança. "O mundo passa por uma fase extraordinária de desinflação que deve durar por mais dois anos", comentou o ex-secretário de Política Econômica Luiz Gonzaga Belluzzo. "Em tempos extraordinários de desinflação global, esse objetivo não deve mudar."

O CMN é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central. Sua atribuições incluem estabelecer as diretrizes das políticas monetária, cambial e creditícia; regular a constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras; e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial. Procurados pela reportagem, os membros do conselho preferiram não se pronunciar.

Na avaliação de economistas, mudar a meta de inflação é uma decisão duradoura e não pode ocorrer em tempos marcados por recessão na zona do euro e ameaça de implosão da união monetária da região. "Com a fraqueza do nível de atividade no mundo até o fim de 2014, o Brasil não vai crescer muito mais de 3,5% ao ano nos próximos dois anos", comentou a professora da PUC-RJ e diretora da Casa das Garças, Monica Baumgarten de Bolle. Ela e outros especialistas, como o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial está ao redor de 4%. A manutenção de uma meta de inflação mais alta permite prosseguir com as estratégias de incentivo ao consumo, que têm tido alguma eficiência em estimular o crescimento.

Em razão de alguns fatores, como indexação da economia e baixo nível de investimentos (18,7% do PIB no primeiro trimestre), o Brasil enfrenta uma realidade ímpar: a inflação só começa a convergir ao objetivo de 4,5% porque o crescimento está fraco. Em 2011, o PIB subiu 2,7%, nível modesto para mercados emergentes, e mesmo assim o IPCA atingiu 6,5%, teto da margem da meta inflação. "A meta de 2014 será de 4,5%. Mas que diferença isso faz? O governo já não está seguindo a meta mesmo", comentou Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC. Segundo ele, o Poder Executivo tem outras prioridades, como expansão do PIB e câmbio administrado num certo nível, talvez ao redor de R$ 2, para ajudar a indústria. "Neste ano, o PIB vai avançar 2%, no máximo, mas a inflação deve ficar entre 5% e 5,5%", afirmou.

Eleições

As eleições presidenciais de 2014 são um dos elementos que levam especialistas a acreditar que o CMN manterá a meta de inflação para 2014 em 4,5%, já que em períodos eleitorais governantes sempre fazem o máximo para puxar o crescimento e a criação de empregos. "Como as diretrizes econômicas são determinadas pela presidente Dilma Rousseff, não há dúvida de que o calendário político-eleitoral é um fator importante para essa decisão do CMN", afirmou Tony Volpon, diretor de pesquisa para mercados emergentes da América Latina da Nomura Securities.

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