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A indústria continua tendo dificuldade de acesso ao crédito, de acordo com a Sondagem Industrial do primeiro trimestre de 2009, divulgada nesta quarta-feira (29) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de condições de acesso ao crédito ficou em 32,4 pontos no primeiro trimestre, o mesmo do último trimestre de 2008. "Apesar das medidas adotadas pelo governo para estimular e restabelecer o crédito no País, os indicadores mostram alta dificuldade de acesso ao crédito, principalmente pelas pequenas empresas", disse o gerente executivo da Unidade de Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca.

Por porte de empresa, o índice de condições de acesso ao crédito das pequenas empresas caiu de 35,3 pontos no último trimestre de 2008 para 33 pontos no primeiro trimestre de 2009. No caso das médias empresas, esse índice subiu de 29,8 pontos para 31,3 pontos, no mesmo período de comparação; e das grandes empresas, de 32,2 pontos para 32,9 pontos.

Reflexos da crise

Fonseca avaliou que os reflexos da crise financeira internacional atingiram as pequenas empresas de forma mais intensa no primeiro trimestre de 2009. Ao comentar a Sondagem Industrial, ele destacou a piora nos indicadores das pequenas empresas nos primeiros três meses do ano, em relação à relativa melhora das grandes empresas. Segundo a pesquisa, o indicador de evolução da produção nas pequenas empresas caiu de 42,3 pontos no quarto trimestre de 2008 para 31,2 pontos no primeiro trimestre deste ano. Esse mesmo indicador, nas grandes empresas, passou de 38,8 pontos para 40,2 pontos.

Fonseca explicou que a crise entrou no Brasil pelas grandes empresas, que sentiram mais a retração da demanda mundial e também a redução do crédito. Por isso, no quarto trimestre de 2008, o indicador de produção das grandes empresas era pior que o das pequenas. "Agora, a situação se inverte e as pequenas empresas estão piores. Os indicadores mostram redução forte da produção, o que reflete no emprego", destacou.

Associado a esse fato, lembrou Fonseca, como as grandes empresas ainda estão com estoque acima do desejado, as perspectivas para as pequenas empresas não são boas. O fato de a crise estar sendo sentida mais fortemente pelas pequenas empresas pode representar um risco de aumento das demissões, destacou Fonseca. Apesar disso, ele lembrou que o custo de demissão numa pequena indústria é sempre muito alto, por isso as empresas procuram evitar o movimento. "Mas, obviamente, há um risco de aumento das demissões e isso pode começar a afetar mais fortemente o índice de emprego na indústria", disse.

Pessimismo diminui

O pessimismo do empresário industrial diminuiu, mas a expectativa ainda é de queda na demanda. De acordo com a Sondagem Industrial, o indicador que mede as expectativas do setor para os próximos seis meses com relação à demanda continua abaixo dos 50 pontos, o que denota pessimismo. Apesar disso, o indicador aumentou de 39,7 pontos no último trimestre de 2008 para 48,3 pontos no primeiro trimestre deste ano, o que "sugere que os empresários preveem redução no ritmo de queda da demanda" segundo a CNI.

"A pesquisa mostra que o pessimismo diminuiu, embora os empresários ainda continuem pessimistas", destacou o gerente executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. A pesquisa revela ainda que as perspectivas com relação à demanda externa estão mais negativas. O índice que mede a expectativa de exportações registrou recuo de 41,7 pontos no último trimestre de 2008 para 39,8 pontos no primeiro trimestre deste ano. Isso reflete, segundo a CNI, o cenário externo desfavorável.

A Sondagem Industrial foi feita no período de 1º a 27 de abril, quando foram ouvidas 1.329 empresas em todos os Estados, sendo 740 pequenas, 386 médias e 203 grandes. O indicador da pesquisa varia de zero a 100, sendo que valores abaixo de 50 indicam expectativa negativa.

Impostos

A alta carga tributária continua sendo o principal problema enfrentado pela indústria. De acordo com a Sondagem Industrial, o segundo maior problema apontado pelo setor foi a pauta de demanda, e em terceiro, a competição acirrada. Segundo o gerente executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, a pauta de demanda e a forte competição são problemas que estão relacionados ao agravamento dos efeitos da crise internacional sobre as empresas no Brasil.

Com a redução do nível de atividade econômica, a questão dos juros altos, que sempre foi a principal preocupação das empresas passou para o quarto lugar, na pesquisa. A inadimplência dos clientes, também por causa da crise, ganhou igualmente importância entre os industriais.

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