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Cobrada por acionistas, petrolífera desistirá de projetos mais poluentes
| Foto: BigStock

O CEO do grupo British Petroleum (BP), Bob Dudley, prometeu que a companhia inglesa irá vender alguns projetos de exploração petrolífera e desistirá de outros para alinhar seus negócios com os compromissos para redução de emissões de carbono do Acordo de Paris.

O anúncio sinaliza que as preocupações com o aquecimento global começam a impactar as decisões de investimento de algumas das maiores companhias produtoras de petróleo do mundo.

Executivos do grupo BP se reuniram nos últimos dias para discutir o que fazer para reduzir a emissão de dióxido de carbono e atender aos acionistas, que exigiram, numa resolução, que a empresa alinhe seus investimentos com as metas globais do Acordo de Paris.

Durante a videoconferência, organizada pela JPMorgan Chase, Bob Dudley informou que uma das opções à mesa é sair de projetos que deixam uma pegada de carbono maior. Dudley não mencionou que projetos seriam esses, justificando que há “governos e outros parceiros envolvidos”.

“Tenho certeza de que nosso caminho pode até não ser linear, mas está em conformidade com as metas do Acordo de Paris. Há projetos que, no passado, nos interessariam, mas agora não entraremos. Certos tipos de petróleo, por exemplo, que deixam uma pegada de carbono mais significativa”.

Relatório terá de comprovar redução de emissões

Dudley responde, assim, às críticas cada vez mais fortes a toda a indústria petrolífera por seu papel nas mudanças climáticas provocadas pela atividade humana. Na assembleia-geral da BP, em maio, o clima ficou tenso entre executivos e acionistas antes de ser aprovada uma moção, quase unânime, de que a companhia terá de emitir um relatório explicando como cada projeto de investimento se amolda ao Acordo de Paris. Um primeiro relatório deverá ser apresentado antes da próxima assembleia-geral, em maio de 2020.

O plano da BP, no entanto, provocou questionamentos sobre que benefícios de sustentabilidade serão obtidos caso os projetos simplesmente forem vendidos para concorrentes. Por exemplo, a venda de um campo de óleo e gás da BP no Alaska, no mês passado, ajudou a companhia britânica a reduzir sua pegada de carbono. Mas o novo proprietário pretende aumentar os investimentos no projeto, o que acabará por elevar as emissões de carbono. O próprio Dudley admitiu que a venda do campo no Alaska tem a ver, também, com o fato de ser menos competitivo do que outros projetos da empresa.

O executivo diz que enfrenta o desafio de um malabarista, tendo de optar por investimentos de maior sustentabilidade e buscar, ao mesmo tempo, a preservação dos elevados lucros da empresa. Na conta da pegada de carbono, enfatizou, deve entrar não somente os projetos escolhidos, mas também aqueles deixados de lado. “Vamos reduzir as emissões de nossas operações, vamos reduzir as emissões de nossos produtos e implantaremos novos modelos de negócio”, enfatizou. “É preciso dar crédito aos nossos outros grandes investimentos, que incluem energia solar, biocombustíveis e energia eólica”.

Apesar de assegurar que o modelo de negócios da BP está em linha com as metas do Acordo de Paris, Dudley lembrou que a obrigação de registrar os avanços num relatório fará a empresa refletir ainda mais sobre seus investimentos. Um relatório da ONG Carbon Tracker, da semana passada, aponta que os dois investimentos da BP mais poluidores são o projeto Zinia 2, em Angola, e a unidade Azeri-Chirag-Gunashli, no Azerbaijão.

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