• Carregando...

A diferença entre o público consumidor de chá preto e de chá mate será um dos argumentos da Coca-Cola junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para defender a aprovação da aquisição da paranaense Leão Júnior, dona da Matte Leão. A informação é do diretor-presidente da Leão Júnior, Renato Barcellos. Na palestra em que falou ontem para executivas paranaenses, ele disse que os chás prontos para beber de matérias-primas diferentes não são concorrentes.

"Quem gosta de chá preto dificilmente toma mate e vice-versa. Quando os chás prontos para beber das outras marcas fazem promoções ou guerra de preços, para nós não há qualquer diferença, porque não temos concorrência, somos outra categoria", diz Barcellos. O executivo afirma que a exposição de números e pesquisas levará à comprovação de que a aquisição, formalizada em março deste ano, não vai gerar concentração de mercado. A apreciação do negócio pelo Cade só deve ocorrer dentro de um ano.

A Matte Leão detém quase 47% do mercado de chá líquido pronto para beber. A Nestea, sociedade da Coca-Cola com a Nestlé, e a concorrente Lipton, da Pepsi, que questiona a compra, respondem por cerca de 25% do mercado, cada. "O mercado do nosso produto só vinha sendo avaliado em conjunto pela AC Nielsen, consultoria de mercado, porque não tinha concorrentes e sairia caríssimo criar uma categoria individual. Mas são produtos e públicos diferentes", reforça Barcellos.

Para Adalberto Viviani, presidente da Concept, uma consultoria especializada no mercado de bebidas e alimentos, um argumento deste por parte da Coca-Cola seria frágil. "Não sei qual a reação do Cade a esta justificativa. Seria mais consistente se houvesse uma diferenciação tributária, que o mate não fosse vendido como chá", acredita.

Viviani compara a diferenciação com a criação de categorias diferentes para cerveja escura e cerveja clara. "Por mais que o produto não seja exatamente o mesmo, não dá para afirmar que eles não concorrem", lembra.

A Leão Júnior tem um portfólio de mais de 60 produtos e três fábricas em operação. A empresa faturou R$ 158,9 milhões em 2006, 18,4% mais que no ano anterior. Em 2006, de acordo com dados da AC Nielsen, o segmento de chás líquidos prontos para beber movimentou R$ 170 milhões no Brasil.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]