A Leão Júnior se manterá independente da Coca-Cola até que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julgue o processo sobre concentração do setor. Com a aquisição da fabricante de chás, a Coca-Cola passa a deter cerca de 70% do mercado. No final de agosto, a multinacional norte-americana assinou o Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro), pelo qual deverá manter separada a estrutura de produção de chás prontos que comprou da Leão Júnior. A restrição se deve ao fato de a multinacional norte-americana já atuar nesse segmento com a marca Nestea, em parceria com a Nestlé.
A medida não atinge a chamada "linha seca" da operação os chás em saquinhos pois a Coca-Cola não atua neste segmento e, portanto, a união das empresas não gera concentração.
Com a medida, o Cade evita que a aquisição se torne irreversível no futuro, caso conclua que é prejudicial à concorrência. De acordo com o relatório do processo, a Coca-Cola deve manter em pleno funcionamento as fábricas da Leão Júnior e preservar a existência de estrutura administrativa própria naquela empresa.
A Coca-Cola também terá de manter investimentos em marketing nas marcas de chás gelados da Leão Júnior, dentro da média de 2005 e 2006. Não serão aceitas mudanças substanciais na estrutura de produção e de distribuição do Matte Leão.
As empresas terão de apresentar relatórios bimestrais sobre o cumprimento do Apro. O primeiro relatório deverá ser encaminhado ao Cade em 22 de outubro próximo. Caso descumpram qualquer cláusula do Apro, elas estão sujeitas a multa diária de R$ 10 mil.
A Coca-Cola defende que os mercados de chá preto e chá mate
são distintos, por apresentarem sabores diferentes, o que não geraria concentração significativa no setor. A Coca-Cola possui as marcas Nestea (chá preto) e Nestea Mate (chá mate). A Leão Júnior faz o Matte Leão (chá mate), o Leão Iced Tea (chá preto) e o Green tea (chá verde).
Já a rival Pepsi argumenta que ambas as bebidas são elaboradas a partir de folhas de chá e não apresentam grande variação na composição química, o que faz com que o mercado tenha de ser entendido como um só. (CR)
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