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Campo de trigo na região de Palmeira, nos Campos Gerais: preço da farinha subiu 12% em setembro e novos aumentos vêm por aí | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Campo de trigo na região de Palmeira, nos Campos Gerais: preço da farinha subiu 12% em setembro e novos aumentos vêm por aí| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Cadeia produtiva

Congresso internacional defende integração

Os problemas da cadeia do trigo pedem maior integração entre produtores e moinhos, conforme as discussões do 19º Congresso Internacional do Trigo, encerrado ontem em Florianópolis (SC) pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). As lideranças argumentam que a pesquisa e o campo precisam avançar para que a indústria possa abrir maior espaço à produção interna.

Os agricultores têm buscado assegurar renda com produção em escala, alegando que a indústria recusa mesmo o produto de qualidade. "A indústria faz uma série de exigências para baixar o preço, e muitas vezes o produtor não tem como brigar por uma condição mais favorável", afirma Fabiola de Oliveira Kapp, que administra com o marido uma área de trigo de 60 hectares em Palmeira. Ela conta que, nesta safra, garantiu a venda.

A integração começa a ocorrer e o produtor recebe mais por trigo de melhor qualidade, sustenta o presidente da Abitrigo, Sérgio Amaral. Ele afirma que os produtores que apostarem em qualidade, mesmo com menor produção, terão garantia de compra das indústrias. Para o chefe da Embrapa Trigo, Sérgio Dotto, essa mudança vai ocorrer, mas não será imediata. "Podemos produzir no Brasil um trigo de alta qualidade, em todos os níveis desejados", confia.

Panificadoras

O comércio costuma corrigir o preço uma vez por ano, na época da entressafra, quando o preço do trigo é mais alto. Neste ano, algumas panificadoras cogitam fazer um segundo reajuste, para repassar a elevação no preço da farinha.

O avanço da colheita do trigo no Paraná amplia a oferta de cereal de qualidade, mas não derruba os preços da farinha, que subiram 12% em setembro e seguem tendência de alta, encarecendo pães, biscoitos e massas. Os triticultores do estado, responsáveis por 43% da produção nacional de 5 milhões de toneladas, atingem três quartos da colheita, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Vendida a R$ 33,6, a saca de 60 quilos do grão rende 34% a mais aos produtores que em outubro do ano passado, com cotação sustentada pela escassez no mercado internacional.

A qualidade da colheita, tradicionalmente questionada pela indústria, tornando-se um entrave para a comercialização, não é problema neste ano, apesar do frio do início deste mês e da ocorrência de ventos e granizo. "Em algumas regiões, a produtividade pode ficar um pouco abaixo da média, mas a qualidade está boa até agora", relata Hugo Godinho, técnico da Seab. Entretanto, os preços se sustentam e estimulam inclusive as exportações.

A Argentina autorizou a exportação de 6 milhões de toneladas de trigo. O Brasil precisa comprar todo esse volume para suprir sua demanda anual de 10,4 milhões de toneladas e, ainda assim, dependerá de fornecimento de fora do Mercosul, com pagamento de Tarifa Externa Comum (TAC) de 10%.

O fato de o trigo estar chegando aos armazéns poderia amenizar a escassez do produto, aliviando os preços, mas isso não se confirma. Vilson Felipe Borgmann, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep), confirma que houve alta de 12% nos preços dos alimentos de trigo em setembro e que novos reajustes devem ocorrer neste ano. Ele argumenta que a volta da cobrança de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) deve provocar novo reajuste. "A perspectiva não é muito boa e o preço deve subir mais até o fim do ano", disse.

Nas panificadoras, o reajuste costuma ser realizado apenas uma vez por ano, para atenuar o impacto perante os consumidores. Eduardo Henrique Engelhardt, sócio da Padaria América, em Curitiba, conta que já alterou os preços neste ano, mas, se a farinha subir, deve mudar novamente as tabelas. "A farinha está mais cara faz tempo e, por enquanto, estamos absorvendo o aumento. Se os custos ficarem muito altos, teremos de pensar em um repasse", conta. Ele calcula que, de outubro do ano passado até agora, seus gastos com farinha subiram 22%, de R$ 1,18 para R$ 1,42 por quilo.

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