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Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) pediu ao Palácio do Planalto que comunique formalmente os membros da comissão sobre qualquer ação do governo do Paraguai no sentido de romper o fornecimento de energia do país vizinho para usina de Itaipu.

Collor classificou de "infeliz" a ameaça do presidente paraguaio, Frederico Franco, de que não está "mais disposto" a ceder energia ao Brasil e à Argentina.

"Acredito que essa declaração não tenha passado de uma declaração infeliz, mas pedi que qualquer afirmação oficial neste sentido seja comunicada a essa comissão", disse.

Segundo Collor, qualquer ação de Franco na direção da suspensão de energia não pode ser tomada "de forma monocrática". O senador disse acreditar que as declarações não terão "efeitos práticos".

Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), integrante da comissão, o governo brasileiro tem responsabilidade no impasse com o Paraguai pela prática de "aceitar tudo que é feito pelos países vizinhos pacificamente". Já a senadora Ana Amélia (PP-RS) classificou o impasse de "bobagem" por considerar uma ameaça que não se tornará verdadeira.

Ontem, em nota oficial divulgada pelo governo do Paraguai, Franco declarou não estar mais "disposto a ceder energia" para Brasil e Argentina. O presidente anunciou ainda que enviaria, até dezembro, um projeto de lei ao Congresso para que o governo que o suceder não venda mais a energia excedente do país para os dois vizinhos.

"A decisão do governo é clara: não estamos dispostos a continuar cedendo nossa energia. E reparem que uso a palavra "ceder". Porque o que estamos fazendo é ceder ao Brasil e à Argentina, nem sequer estamos vendendo", afirmou Franco.

A ameaça ocorre depois do Paraguai ser suspenso do Mercosul por Brasil, Argentina e Uruguai no mês passado. Depois da nota oficial, o diretor de Comunicação de Franco, Christian Vazquez, suavizou o tom. À Folha de S. Paulo garantiu que as declarações não foram uma ameaça ao contrato que o país fechou com o Brasil em 1973.

Pelo acordo, o Brasil tem a preferência na compra da energia excedente -o Paraguai consome apenas 5% do que lhe corresponde na geração de Itaipu. A usina é responsável por 20% da energia consumida no Brasil.

Ameaça

Na avaliação do governo Dilma Rousseff, a ameaça é mais um discurso para o público interno do que uma medida a ser posta em prática. O governo vai encarregar o Itamaraty de buscar esclarecimentos, lembrando a gestão vizinha que o Brasil, em 2011, aceitou corrigir o valor pago pela energia excedente e está ajudando a financiar uma linha de transmissão no Paraguai precisamente para que o país possa aumentar sua capacidade de consumo.

Para o governo Dilma, Franco tem de dar uma resposta à opinião pública, incomodada pelo isolamento que os países vizinhos impuseram a Assunção desde a deposição de Fernando Lugo. A ameaça de Franco também vale para a usina de Yacyretá, que o país tem em sociedade com a Argentina.

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