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O quadro energético para o futuro próximo é preocupante. O Brasil precisa implantar cerca de 5.000 megawatts por ano e isso não está acontecendo. As obras recentemente aprovadas (Rio Madeira e Angra 3) não darão conta do recado em tempo hábil.

Por isso o que se discute hoje em dia é a data do racionamento. Uns falam em 2010, outros acham que será em 2011. Mas possivelmente não escape disso.

As autoridades do governo dizem que o risco de um apagão nos próximos três ou quatro anos é de apenas 5%. Os especialistas, porém, estimam em mais de cinco vezes essa probabilidade – 28% –, o que é perigosíssimo.

A única maneira de evitar o apagão é estancando o crescimento econômico. Isso é um absurdo, pois temos tudo para crescer bastante. Aliás, no primeiro semestre de 2007, o PIB anualizado cresceu quase 5% e a demanda por energia elétrica, mais de 8%. Todos os setores da economia estão demandando energia elétrica em níveis muito superiores aos do ano passado e à capacidade programada.

É esse desequilíbrio entre oferta e demanda que leva os especialistas a ver o racionamento como inevitável – um quadro triste e que reflete a falta de planejamento e a insensibilidade das nossas autoridades. Afinal, temos cerca de 20% da água do mundo. Trata-se de um extraordinário privilégio quando se vê que, dos 6,2 bilhões de habitantes da Terra, 1,2 bilhão tem dificuldade no abastecimento de água.

Cerca de 90% da eletricidade produzida no Brasil tem origem hídrica. Isso tem permitido a geração de energia de baixo custo e livre de poluição.

No mundo atual, e principalmente no futuro, o país que conseguir fazer essa combinação de fatores tem enorme vantagem comparativa, interna e externa. E nós a temos.

Além da generosidade de Deus, são Pedro tem colaborado bastante nos últimos anos ao manter os reservatórios em níveis invejáveis. Mas não podemos contar só com isso. Para crescer a taxas de 5% ou 6% anualmente, a nossa lição de casa é imensa e exige investimentos muito maiores dos atuais.

Está na hora de acordarmos. Já passamos por vários sustos. No final da década de 90, tivemos apagões preocupantes e no ano de 2001 amargamos uma crise apavorante.

Já é hora de acabarmos com os embates ideológicos e os entraves burocráticos – todos inaceitáveis num momento em que a economia mundial é compradora e nosso povo precisa de empregos e de renda que advém de um crescimento mais forte.

Antônio Ermírio de Moraesé empresário.antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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