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É incrível que um país tão rico como o Brasil só cresça mais do que o Haiti, uma nação destroçada e que depende da ajuda externa para organizar seu governo. Na América Latina, todas as 18 economias vão melhor do que a do Brasil.

É incrível, mas essa é a realidade. O Brasil cresceu 2,3% em 2005, enquanto a China cresceu 9,9%; Cingapura, 8,7%; Índia, 8%; Peru, 7,5%; Rússia, 7%; Colômbia, 6%; Coréia do Sul, 5%; Taiwan, 4,5% – para citar apenas alguns exemplos.

A média de crescimento da América Latina foi de 4,3%, a dos países emergentes foi de 6,4% e a do mundo foi de 4,3%. É inaceitável o quadro brasileiro. Dos países citados, raros são os que desfrutam de tantos recursos naturais. O Brasil possui uma enorme extensão territorial, solo fértil, sol e água à vontade, energias renováveis, um povo disciplinado e instituições democráticas.

O mais impressionante é que este país continente responde por apenas 1% do comércio internacional. Isso acontece em uma quadra de ventos favoráveis em todo o mundo. O Brasil deixou os ventos passarem e não se aproveitou da fome de bens e serviços que marca o mercado externo. Nossas exportações poderiam ter crescido muito mais do que cresceram.

Depois de publicado o pobre desempenho, chegam as explicações. Para uns, foi a crise política; para outros, o mau desempenho da agricultura que cresceu apenas 0,8%. Há ainda os que enfatizam as exorbitantes taxas de juros e o desequilíbrio do câmbio.

A pergunta que se faz neste início de ano é: o que será do desempenho da economia em 2006? Aqui também as pitonisas ligam o seu "achômetro" ao profetizar bons tempos decorrentes dos novos negócios criados pela Copa do Mundo e pelas eleições de outubro. Ora, isso é muito pouco. Afinal, em 2007 não haverá nem Copa e nem eleições. Viveremos de quê?

O que mais assusta é a ridícula expansão dos investimentos na construção civil e em máquinas e equipamentos. Em 2005, tais investimentos foram de apenas 1,6%. Esse é o indicador mais preocupante porque o progresso de amanhã depende dos investimentos de hoje.

O que explica tão baixa confiança na economia brasileira? Afinal, a inflação está controlada, temos um mercado consumidor gigantesco e uma capacidade exportadora que deu mostras de sua pujança. Penso que na raiz do problema estão as crescentes despesas governamentais. O superávit fiscal não tem sido suficiente para equilibrar as contas públicas.

Há despesas que dependem das famosas reformas estruturais, como e o caso da Previdência Social. Há outras que dependem do bom senso dos governantes como é a inchação dos quadros da máquina pública.

Ou seja, a solução do problema depende de decisões internas que, infelizmente, não são tomadas. Se tudo continuar assim, pouco se pode esperar do desempenho futuro. Nenhum país pode viver de Copas e de eleições. É preciso sanear os grandes ralos dos déficits públicos para gerar a confiança dos investidores.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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