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Quando olhamos como foi a economia em um ano ou outro, deixamos de perceber os movimento mais importantes que podem nos antecipar o futuro. Chegamos a 2015 com os seguintes termos no glossário: ajuste fiscal, crescimento zero, inflação fora da meta, juros altos e carga tributária recorde. Está difícil colocar alguma coisa boa nessa lista porque saímos de um período longo de autoengano.

Não foi só o governo que acreditou na tese de que era preciso sustentar a economia com uma política fiscal expansionista casada com o apoio a setores tidos como estratégicos. Esse foi o movimento criado no pós-2009, ano da última grande crise, e que foi referendado – pelas urnas em 2010, pelo setor produtivo e o governo, e até pelo mercado, que só no segundo semestre de 2013 colocou no "preço" do Brasil os efeitos dessa política.

O exercício de olhar para os últimos quatro anos ajuda a pensar o que teremos nos próximos anos. O Brasil vai passar por um ajuste fiscal forte, que durará dois anos. Não existem muitas opções nas cartilhas econômicas, não importa o espectro ideológico que se busque. Governos de países em desenvolvimento que não têm receita suficiente para pagar suas contas e equilibrar a dívida uma hora ou outra caem em um ciclo de baixo investimento e baixo crescimento.

Um ajuste bem feito poderá trazer duas boas notícias: inflação menor e queda nos juros no longo prazo. É o que as empresas precisam para voltar a ter confiança e investir. Há quem aponte o câmbio como o fator mais importante para o país ganhar competitividade e voltar a crescer.

Não é exatamente o que a história recente nos mostra: estabilidade vem antes na nossa lista de desejos. Um estudo recente do Cemec/Ibmec mostra que as empresas estão lucrando, poupando e investindo menos. Elas foram afetadas pela inflação elevada, custos altos (em especial os tributários, os mesmos que sustentam o crescimento da despesa pública) e juros elevados.

O desenvolvimento do país no pós-2015, ano praticamente perdido para o crescimento da economia, passa por uma série de fenômenos, alguns mais prováveis do que outros. Vai uma lista, sem dúvida incompleta.

Poupança

Um dos efeitos esperados do ajuste fiscal é uma recuperação da poupança interna do país. Ela é necessária para que haja dinheiro para investimentos e uma condição para a queda dos juros no longo prazo. Ela precisa ser elevada por um tempo longo. A dúvida hoje é se algum governo vai resistir à tentação de aumentar os gastos quando a situação melhorar.

Educação

A política econômica não tem solução para a falta de educação. Os efeitos da maior escolaridade são notáveis e nós estamos experimentanto isso hoje: os anos a mais de estudo garantem renda maior. Mas a evolução no país é lenta, insuficiente para que haja um salto de produtividade. O Brasil precisa aproveitar nos próximos dez anos uma janela de oportunidade trazida pela demografia: o número de crianças começa a cair e isso faz com que haja mais recursos disponíveis par a educação básica. Se esse período passar sem melhorias consistentes, teremos gerado um país permanentemente de renda média.

Empreendedorismo

O estilo dos empreendedores no Brasil vem mudando. É cada vez mais voltado a oportunidades de negócios. Governos locais precisam dar suporte para as redes nascentes de startups, enquanto o governo federal pode direcionar seus subsídios para quem realmente precisa. Há uma oportunidade imensa para o país progredir se souber agir nessa área nos próximos cinco anos.

Abertura

O Brasil é a nação emergente que menos se beneficiou da globalização. A mistura de ideologia nacionalista e lobbies setoriais fez nossa política comercial parar no tempo. Pode ser doloroso para uma ou outra indústria ter de concorrer de frente com quem vem de fora, mas o país precisa fazer essa transição. Uma aceleração nos acordos comerciais e nos ajustes que deem competitividade internacional à indústria vai beneficiar consumidores, que vão pagar menos pelos produtos nas lojas, e empreendedores, que terão mais mercados onde oferecer seus produtos.

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