Sem prazo

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Passamos os últimos quatro anos usando a Copa do Mundo como um prazo final para muitas obras e ações no país. Não que a qualidade da festa dependesse inteiramente do cumprimento desse cronograma, mas era uma forma de cobrar de maneira clara que os projetos andassem. Legado maior do que uma dúzia de estádios seria se o país tivesse aprendido a cumprir prazos.

Saber quando as coisas vão ficar prontas e quanto elas vão custar é um aspecto básico da previsibilidade. A economia é em si um bicho temperamental, que precisa ser acompanhado e domesticado. Quanto mais previsíveis as coisas, melhor. Isso vale para as regras do jogo, para as políticas públicas e para os investimentos. Imagine que você tenha feito um projeto de serviços logísticos para aproveitar uma oportunidade aberta pela construção da Ferrovia Transnordestina. Estaria falido, provavelmente, porque ela deveria ter ficado pronta em 2010. Agora apareceu a informação de que o projeto tem falhas que podem elevar custos e atrasar ainda mais as obras.

A Copa em Curitiba acabou antes de várias intervenções previstas para o torneio. Provamos que não precisávamos delas para os jogos. Já provar que elas não são necessárias para a população vai ser mais difícil. Recentemente a Anac, agência que regula o setor aéreo, divulgou que vai aplicar uma multa milionária à concessionária que opera o aeroporto de Viracopos – ela está construindo um terminal novo e o atraso de algumas semanas é fichinha perto do que vemos em outras áreas. É um exemplo incomum de rigor que deveria ser a regra.

Copel

A Copel optou pelo diferimento (ou seja, o valor será cobrado no futuro) de parte do aumento na conta de luz para equilibrar o interesse de consumidores e acionistas. Se optasse pelo desconto para quem paga em dia, como foi feito no passado, a companhia penalizaria apenas os acionistas, pois a receita não seria recuperada. Com o diferimento, o direito de receber o que é pactuado com a Aneel é jogado para a frente, vira receita futura.

Essa escolha fez com que as ações da empresa não sofressem tanto com a suspensão da correção. Os papéis da companhia mais negociados na bolsa caíram 0,4% na semana, melhor do que o Ibovespa, que teve queda de 2,7%.

Inflação

Já tem gente no mercado prevendo que a inflação medida pelo IPCA vai estourar o teto da meta, de 6,5%, no ano que vem. Na pesquisa Focus, feita toda semana pelo Banco Central, as instituições que fazem parte do "top 5", o grupo das que mais acertam, projetam uma inflação acima de 7% em 2014. É verdade que com tanta antecedência os agentes de mercado mais erram do que acertam, mas é um alerta para a política monetária. Para este ano, o BC já elevou sua estimativa para 6,4%.

Hermanos

O Brasil passou meses negociando os termos de um acordo para destravar as exportações de automóveis para a Argentina. Fechado o acordo, o governo argentino criou um programa para estimular o consumo de veículos. Haverá crédito subsidiado do Banco de La Nación. Mas a medida é só para carros produzidos na Argentina. Com isso, o efeito da renovação do acordo deve ser limitado. O governo brasileiro não viu a medida como protecionismo.

PIB XXX

Começou com o anúncio da Itália de que o PIB do país passaria a trazer dados sobre tráfico de drogas e prostitiução. A prática, na verdade, é uma orientação da União Europeia e já está sendo adotada em outros países do bloco econômico. Usamos os dados do PIB de maneira tão automática que esquecemos que a conta não é uma unanimidade. Há quem defenda que a economia informal seja incorporada, ou que se leve em conta o trabalho doméstico não remunerado. Outra linha defende a inclusão de dados sobre a felicidade e a satisfação dos moradores, no que se chama de FIB, a felicidade interna bruta.

No RS

O primeiro hotel no segmento econômico da Rede Mabu Hotéis & Resorts será em Pelotas. A rede vai investir R$ 15 milhões no projeto, que terá 156 apartamentos. A meta é abrir dez unidades do Mabu Express, com investimento de R$ 150 milhões.

Em casa

A rede de sorveterias Cold Stone Creamery investiu R$ 50 mil para montar a operação de delivery em Curitiba. Um carro foi adaptado e uma equipe destacada para cuidar do que é considerada pelos sócios a quarta loja.

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