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De vez em quando sinto certa inveja do professor Cristóvão Tezza. Nossas colunas são publicadas no mesmo dia, mas a liberdade que ele tem para construí-las é bem maior que a minha. Não há restrições à matéria prima de suas crônicas, ao passo que eu devo me limitar à economia e às finanças pessoais, com curtas e eventuais digressões em outras áreas. O que me leva a, de vez em quando, voltar a assuntos que já passaram por este espaço.

Volta e meia, essa retomada de assuntos antigos ocorre a pedido dos leitores. É que os investimentos são influenciados pelo momento econômico e pelo ambiente de negócios. Assim, uma opção que era excelente em certa ocasião se torna arriscadíssima em outro momento. Foi pensando nisso que a Fátima escreveu para a coluna. Ela está interessada em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que foram tema de uma coluna em fevereiro do ano passado. "Gostaria muito que você me orientasse se estas modalidades de investimentos continuam sendo atrativas com a contínua queda da Selic", pede.

Antes de responder à questão da leitora, é preciso ressalvar que a resposta que segue não é nenhuma sugestão de investimento, mas uma coletânea de informações levantada com o objetivo de ajudar Fátima e qualquer outra pessoa em situação semelhante a tomar uma decisão. Mas a decisão deve ser só sua, levando em conta questões como prazos e necessidades pessoais. Por favor, não delegue a ninguém a responsabilidade sobre seu futuro financeiro.

Pensando, agora, nas LCIs, é bom explicar um pouco mais sobre elas. São papéis de renda fixa emitidos por bancos e, nisso, são semelhantes aos conhecidos CDBs (Certificados de Depósito Bancário). São diferentes na finalidade: enquanto os recursos que os bancos obtêm com CDBs podem ser usados para qualquer tipo de crédito, as LCIs são um instrumento de captação para o crédito imobiliário. É dinheiro carimbado: o que o banco arrecada com esse tipo de papel só pode ser usado nessa área.

E o investimento financeiro baseado no setor imobiliário tem uma peculiaridade no Brasil – conta com isenção de Imposto de Renda. Isso serve para as LCIs, para a caderneta de poupança e para outros ativos, como os Fundos de Investimento Imobiliário e os Certificados de Recebíveis Imobiliários. As Letras de Crédito Agropecuário (LCAs) também têm esse benefício.

Assim como os CDBs, a rentabilidade das LCIs é medida como um porcentual do CDI, que é uma taxa de juros de referência (quase sempre o CDI anda coladinho com a Selic). A isenção de imposto, entretanto, faz com que haja uma enorme diferença na rentabilidade real de CDBs e LCIs mesmo que eles paguem a mesma taxa nominal. "Elas são atraentes a qualquer taxa", compara Gabriela de Moraes Natale, analista comercial da filial curitibana da Ativa Corretora. "É como pão quente na prateleira das corretoras." Gabriela como exemplo as letras da Caixa Econômica Federal com vencimento em 8 de junho, cujo rendimento é de 76,5% do CDI – um dos mais baixos do mercado, diga-se de passagem. Caso decida investir em CDBs com o mesmo prazo, o investidor precisaria de uma rentabilidade de 98,7% do CDI. Trata-se de um valor dificilmente disponível para clientes com menos de R$ 1 milhão em patrimônio administrado. Veja na tabela um comparativo entre algumas letras disponíveis no mercado.

Prazo, preço e público

Outra característica das LCIs é o prazo curto – no máximo um ano e meio, quase sempre bem menos que isso. E é bom que seja assim: como não há um mercado secundário desses papéis, o investidor deve mantê-los em carteira até o vencimento.

Para investir, os bancos emissores estipulam valores mínimos, quase sempre acima dos R$ 10 mil. A Caixa costuma exigir mínimo de R$ 50 mil. É importante observar que o risco desses papéis é o mesmo do banco emissor – ou seja, se a instituição quebrar (uma possibilidade remota no Brasil atual), há risco de você perder dinheiro. Mas há um atenuante: as LCIs são protegidas até o limite de R$ 70 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma espécie de condomínio de bancos criado para proteger correntistas e aplicadores. O valor é válido por CPF e por instituição.

Gabriela Natale diz que o investimento é adequado a investidores conservadores, ou que têm um objetivo de curto ou médio prazo e não podem correr riscos. "Quem está guardando recursos para comprar um apartamento, por exemplo, precisa que o dinheiro renda, mas não pode se arriscar. As LCIs são boas para esse investidor", comenta.

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