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Algumas pessoas comentaram, por e-mail e nas redes sociais, a coluna da semana passada. Para quem não viu ou não lembra, o tema era a campanha publicitária de um banco, que sugere ao consumidor deixar de comprar algumas coisas para economizar e tornar viáveis compras maiores – os tais "sonhos de consumo" de que as pessoas costumam falar. No texto, eu observava que sempre é necessário fazer algum sacrifício para alcançar um bem maior, e que dispensá-lo custa caro, ainda mais com as altas taxas de juros que temos no Brasil.

Apesar dos comentários positivos, fiquei pensando no enorme contingente de pessoas que continua comprando a prazo, muitas vezes pensando estar fazendo excelentes negócios. Será que não existe nenhuma situação em que a compra a prazo se justifica?

Em geral, costuma-se dizer que a compra a prazo vale a pena no caso de bens de alto valor, em que a opção à vista é inalcançável. Para a maioria das pessoas, é o caso dos imóveis – em especial, do primeiro imóvel. Para um profissional em início de carreira, a aquisição de uma casa ou apartamento de, digamos, R$ 200 mil, é um passo enorme. E não é só o alto valor que dificulta a transação: o preço dos imóveis tende a se valorizar de modo igual ou superior à inflação. Assim, por mais que o sujeito economize dinheiro para comprar o apartamento dos seus sonhos, o valor continua subindo. A conta dificilmente vai bater.

É nessa situação que o financiamento se encaixa perfeitamente. Ao fazer uma compra financiada, o comprador "trava" o preço do imóvel. Ele só estará quitado dali a 30 anos, mas o valor a ser pago é previsível e será amortizado em vários anos. Tudo funciona direitinho.

Pegue, agora, o caso de um automóvel. Ele não é como o imóvel, ele não se valoriza com o tempo. Pelo contrário: seu preço cai (e bastante) a cada ano. Quando você tira o veículo zero da concessionária, seu preço de mercado cai imediatamente coisa de 15% ou 20%. Digamos, então, que você financie em 12 meses um carro de R$ 30 mil, à taxa de 10% ao ano (0,79% ao mês). Ao fim do período, você terá pago R$ 33 mil reais. Seu carro, entretanto, estará valendo R$ 24 mil no mercado. Você realmente acha que sai ganhando com isso?

Há situações em que pode-se fazer contas para saber se o financiamento vale a pena. Se você prevê que seu carro atual dará despesas muito altas de manutenção, pode comparar o valor desses desembolsos com os juros de uma compra financiada. Talvez – atenção: talvez – compense. Ponha na ponta do lápis.

Quando se trata de compras de menor valor, como eletrodomésticos, o negócio realmente não faz sentido. Não há o que justifique, do ponto de vista financeiro, a compra de um aparelho de tevê em dez parcelas. Não é uma compra urgente, não é um bem indispensável, e não terá valor algum no mercado ao fim do financiamento. Se você dá valor aos seus reais, nem pense em fazer isso.

O que você acha?

Mande seu comentário para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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