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O ano que terminou no sábado foi esquisito, em termos de investimentos. Parece que os números fizeram questão de negar algumas das orientações mais frequentes dos especialistas em investimento. "Ouro não serve para investimento; no máximo, ele permite preservar o patrimônio", costumam dizer. Aí o preço do grama sobe 15,8% no ano e deixa os críticos pendurados no pincel. "Só compre dólar se for viajar ao exterior ou se tiver algum compromisso a saldar nessa moeda", ensinam. Em 2011 o dólar subiu 12,1%, o que o colocou em segundo lugar no ranking dos ativos no ano passado. A poupança – apontada por muitos como um mau investimento por sua pouca rentabilidade – deu 7,45% no ano, um porcentual que ficou razoavelmente próximo ao resultado líquido dos fundos de renda fixa (ocupantes do terceiro lugar).

Pesa sobre os economistas a fama de não acertar nunca. Nisso, eles só perdem (provavelmente) para os meteorologistas – principalmente em Curitiba, onde o tempo consegue mudar de humor todo o tempo. Mas talvez seja melhor não condená-los. Em 2011 eles foram vítimas da crise.

Dólar e ouro são ativos muito procurados em momentos de crise. Eles servem como refúgio em termos incertos. Ações podem virar pó, como demonstra a reportagem abaixo. Empresas podem ser mal administradas ou sofrer com alguma mudança de regulamentação vinda do governo. O ouro não. O dólar até andou perdendo valor nos últimos anos: de 2008 até meados deste ano a moeda americana se desvalorizou em relação à de outros países porque o governo de Washington precisava ganhar competitividade internacional. Afinal, era por lá que estava o centro da crise da hora, que levou a altos níveis de desemprego, ao empobrecimento da população e a uma forte desconfiança em relação ao mercado financeiro. Mas no momento em que o foco se desviou para a Europa, os investidores reagiram transferindo aplicações para títulos do governo americano. Consequência? Um dólar mais forte. Aqui, inclusive.

O ambiente não mudou muito, mas vai ser difícil que o cenário se repita. Nos últimos cinco anos (de 2 de janeiro de 2007 até ontem), o ouro subiu muito, 114%. Só no ano passado a alta foi de 16,4%. Já no câmbio, os departamentos de análise de bancos, corretoras e consultorias esperam que o dólar esteja por volta de R$ 1,75 no fim deste ano – um recuo em relação aos R$ 1,87 de ontem. Em geral, os economistas esperam que medidas anticrise na Europa atenuem a fuga dos investidores e contribuam para reduzir a pressão sobre a moeda dos EUA.

Vai dar certo? Não há como ter certeza. Vai que aparece outra crise...

Acho que todos esperamos que 2012 seja menos esquisito. O certo é que administrar investimentos nesse ambiente continuará sendo uma aventura.

Inflação

Mudando de assunto, uma das grandes preocupações dos economistas para 2012 é com a inflação. Teme-se que o IPCA possa ficar acima da meta – de novo, já que a previsão do mercado é que o índice tenha superado ligeiramente os 6,5% em 2011 (o número definitivo será divulgado pelo IBGE na sexta-feira) –, o que pode comprometer a capacidade do governo em manter a economia aquecida em meio à crise europeia.

Mesmo sem dados fechados de 2011, é possível adiantar que o Brasil deve encerrar o ano no pelotão intermediário da inflação. Não está entre as maiores e está longe de ficar entre as mais baixas do mundo. O que é algo saudável. Inflação alta, já sabemos muito bem, é sempre um problema, e inflação baixa pode ser sintoma de que algo vai mal. Das dez nações com as menores taxas em 2011, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional, quatro são países europeus nos quais a baixa inflação está ligada à falta de crescimento econômico. O único país que registrou deflação foi o Japão, cuja economia foi abatida pelo terremoto e tsunami do ano passado. A previsão para 2011 é de -0,28%. Para 2012, a perspectiva não é muito melhor: -0,21%.

Na tabela ao lado você pode ver a lista com as 15 maiores inflações de 2011.

Em 2012...

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