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Mudei recentemente de um apartamento no Água Verde para uma casa no Campo Comprido. O que deveria ser uma transferência tranquila acabou dando um bocado de trabalho num campo em que eu não esperava, o da telefonia.

Dias antes da mudança, pedi a transferência da minha linha fixa, da operadora GVT, para o novo endereço. Em dois dias, a companhia informou que não poderia me atender, porque não dispunha de estrutura nos armários da região. Não esperava por nada parecido. Afinal, o novo endereço fica a menos de cinco quilômetros do antigo, em uma área altamente urbanizada – na quadra ao lado há um condomínio de onze prédios em construção; se a operadora não consegue atender a um freguês solitário, que fará com a turma que irá morar ali do lado? Os contatos com a concorrente Oi foram frustrantes: a linha caía sempre que a ligação seria transferida para o atendente, depois de várias perguntas do atendimento eletrônico.

Entrementes, um problema nos dutos do condomínio me fez desistir. Será preciso fazer uma pequena obra para passar os cabos, e não posso esperar tanto. Por isso resolvi optar por uma solução sem fio. Outra surpresa.

Na semana passada percorri algumas lojas da operadora Tim para contratar uma linha fixa. Em uma delas os funcionários até chegaram a copiar meus documentos para preparar o contrato, mas tiveram de voltar atrás por um motivo bem prosaico: não tinham chip para o aparelho. Só consegui fechar o negócio três dias depois.

Uma das coisas que me incomoda é querer comprar alguma coisa e não poder, por ineficiência do fornecedor – um sentimento que, imagino, o leitor também deve ter. Foi isso que aconteceu, com três empresas diferentes, no intervalo de poucos dias. Duas conclusões possíveis: 1) eu sou o cara mais azarado da cidade. Se fosse um personagem de desenho animado, certamente haveria uma nuvem negra me seguindo, derramando chuva e distribuindo raios; 2) parece haver um gargalo entre as vendas das empresas de telefonia e a sua capacidade de prestar serviços. Como deixei de acreditar em sorte e azar há muitos anos, tendo a levar mais a sério a segunda opção.

Pensando bem, isso nem seria tão surpreendente. Desde 2007, a telefonia celular no Brasil quase dobrou (de 120 para 230 milhões de linhas), e a fixa teve um crescimento bem consistente. Contando fixos e celulares, a média subiu de 84,4 para 126,4 linhas para cada 100 habitantes – o número inclui aquelas linhas que não estão na mão de usuários comuns, como por exemplo aquelas usadas pelas máquinas sem fio de cartão de crédito de restaurantes e lanchonetes. Na área do DDD 41 (Curi­tiba e adjacências), a telefonia fixa já era mais ou menos bem presente, e por isso teve um crescimento modesto: em dezembro de 2006 havia 1,12 milhão de acessos contra 1,33 em junho do ano passado (último dado completo disponível no site da Anatel), um au­­mento de 18%.

Esses aumentos justificam alguma queda na qualidade da prestação de serviço? Acho que dificilmente alguém concordaria com isso, inclusive porque qualquer problema desse gênero tem um impacto direto no bolso do consumidor. Serviço que não é prestado ou é mal prestado custa mais caro ao usuário, que perde tempo para resolver problemas e acaba tendo contas redundantes a pagar.

Desde a privatização, os serviços nessa área melhoraram de forma exponencial. Não dá nem para comparar. Isso foi possível devido ao investimento das operadoras, e não há dúvida quanto a isso. Nos últimos anos, entretanto, a redução da pobreza tem exigido investimentos ainda maiores. Espero que as empresas estejam em dia com essa parte também.

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Também teve algum problema com prestação de serviços? Quer compartilhar suas experiências na área financeira? Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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