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Você sabe quanto paga pelo seu investimento? Na maior parte das aplicações financeiras, há custos envolvidos que precisam ser pagos pelo investidor. Quem aplica em bolsa, por exemplo, paga taxas de corretagem, entre outras. Quem escolhe os títulos do Tesouro Direto arca com as taxas de custódia cobradas pelos bancos e corretoras. Quem aplica em fundos de investimento precisa lidar com as taxas de administração.

No caso desses últimos, a taxa é uma variável fundamental na hora de decidir onde colocar o dinheiro. É uma taxa cobrada sobre todo o capital investido, definido em uma porcentagem anual. Elas variam muito, conforme o tipo de investimento e o perfil de cliente que a instituição financeira quer ter. Em linhas gerais, é bem simples entender: fundos de administração mais simples – aqueles cuja carteira é concentrada em papéis do governo, por exemplo – têm taxas mais baixas; fundos mais difíceis (multimercados e de ações) custam mais caro. Fundos destinados a segmentos mais endinheirados têm taxas pequenas; aqueles destinados ao universo amplo de correntistas são mais caros.

A Associação Brasileira das Entidades do Mercado de Capitais (Anbima) faz um acompanhamento dessas tarifas e divulga um levantamento mensal. Esse levantamento inclui dados muito interessantes. Tome-se, por exemplo, os dados dos fundos da categoria Referenciados DI, que têm como base para avaliação os juros do mercado interbancário (que costumam ser bem próximos à taxa Selic, definida pelo Banco Central). É uma das categorias mais populares do país, com R$ 260 bilhões guardados. Desse valor, R$ 100,9 bilhões estão em fundos de varejo – ou seja, disponíveis na rede bancária tradicional e ao alcance de investidores comuns, como a imensa maioria da população brasileira.

A taxa de administração média para essa faixa era em março de 1,26% ao ano, segundo a Anbima. E 74% desse patrimônio estão em fundos com taxas iguais ou inferiores a 1% ao ano – ou seja, inferiores à média do mercado. Mas há um valor surpreendentemente alto alocado em fundos que cobram mais de 4% ao ano: R$ 3,656 bilhões. Se você levar em conta que esses fundos não devem render mais que 7,5% neste ano, mais da metade do ganho potencial vai por água abaixo. Sem contar que há ainda o Imposto de Renda a pagar...

O que leva alguém a essa situação? Alguns são investidores antigos, que não mudaram seus recursos nos últimos anos. Quando os juros referenciais eram de 25% ao ano – a última vez em que isso aconteceu foi em 2002/2003, nem faz tanto tempo assim –, 4% não era uma taxa ruim. Hoje é um assalto.

Outros são pessoas que não têm informação e são enganados por informações parciais mostradas por profissionais da área bancária. Muita gente olha só para a rentabilidade passada, o que é uma má política. Primeiro porque ela pode não se repetir. Depois, porque uma taxa de administração alta pode comer boa parte do ganho. Veja o caso do HiperFundo, do banco Bradesco: no ano passado, a rentabilidade acumulada foi de 3,19% (equivalente a apenas 52,8% do CDI). Mas a taxa de administração é de 3,90%, O resultado é negativo.

No caso desse fundo específico, o que atrai os clientes é a promessa de prêmios distribuídos por sorteio entre os cotistas. O princípio é o mesmo da loteria: os poucos que ganham ficam satisfeitos; os que não ganham acabam, simplesmente, jogando dinheiro fora.

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