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O medo da inflação sempre esteve por aí, mesmo nos períodos em que o Brasil andou mais calminho nessa área. Mas agora ele está tomando conta de mentes, corações e investimentos.

As estatísticas do Tesouro Direto – aquela forma de aplicação em títulos do governo federal sem a participação de gestores de fundos – demonstram como isso vem ocorrendo. Em 2006, a inflação anual fechou em 3,14%. Esperava-se para o ano seguinte um leve aumento da taxa, de forma que ela se aproximasse da meta do Banco Central, que era de 4,5% (a mesma de hoje, por sinal) – o que, de fato, veio a realizar-se. Pois em dezembro de 2006, em um momento em que a preocupação com a inflação era pouca, 21% do estoque de investimentos no Tesouro Direto estava em títulos indexados pelo IPCA. Esses papéis (NTN-N e NTN-B Principal) garantem ao investidor um rendimento que compensa a inflação mais um pequeno porcentual de juros.

De uns dois anos para cá a inflação brasileira subiu, e cresceu também a aposta nesses papéis. Em janeiro de 2011, já em pleno surto inflacionário, 32,8% dos investimentos do Tesouro Direto estavam concentrados em títulos indexados à inflação. Em abril deste ano, eles somavam R$ 6,5 bilhões do total de R$ 9,6 bilhões mantidos pelo Tesouro Direto. Respondiam, portanto, por dois terços (67%) do estoque.

Essa escalada na busca pelas NTNs mostra que as pessoas estão ansiosas por proteger seus recursos contra o desgaste por parte da inflação, e também que o desânimo de muitos investidores com a capacidade de obter ganhos reais (ou seja, acima da inflação) em outros ativos. O Brasil de hoje é bem diferente daquele que aturou taxas de dois dígitos, 30 anos atrás. Mas alguma ansiedade persiste, porque é difícil esquecer um passado que causou tanta dor.

É a memória inflacionária, que não é só um mecanismo psicológico, como alguns podem imaginar. Ela é também um conjunto de regras que persistiram na economia brasileira, mesmo depois que o tempo da hiper passou. Exemplo? A matéria de ontem da repórter Cristina Rios sobre a redução do poder de consumo do paranaense menciona os temas que vão pesar mais no orçamento do brasileiro em 2013: prestação da casa própria, aluguéis, condomínio, energia, telefonia, alimentação e transporte urbano. Praticamente todos eles são preços administrados, cujos reajustes estão vinculados à inflação passada – a exceção é o transporte coletivo, que, no entanto, recebe o impacto do aumento dos funcionários das empresas do setor, e este aumento repõe a inflação passada.

No que se refere à inflação, o brasileiro é um refém de seu passado.

Caminhos

Com o IPCA grudado feito chiclete no teto da meta (6,5% ao ano) e os juros básicos na casa de 7,5%, o mercado está bem mais difícil do que no passado. É bom observar que o Tesouro Direto já andou mais na moda do que hoje. De uns dois anos para cá outras formas de investimento ganharam popularidade, em especial os produtos financeiros de base imobiliária, como os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) – esta última categoria, acessível apenas a investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil para aplicar. A vantagem desses papéis é que são isentos de Imposto de Renda, o que aumenta o ganho líquido do investidor.

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