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A coluna da semana passada falava da ideia, que andou se popularizando nas redes sociais, de fazer descontos na mesada das crianças para cada comportamento considerado ruim, como xingar o irmão ou reclamar para ir à escola. No modelo que correu a internet, cada "infração" dessas tinha um preço. Observei que não me parece uma boa alternativa porque há certos comportamentos que não são negociáveis. Como se dizia antigamente, quando a criança se esforça na escola e obedece aos pais, não está fazendo nada mais que a obrigação. Em consequência, pôr preço nas traquinagens pode resultar em estímulo às avessas – os pequenos podem entender que vale a pena deixar de receber parte da mesada para quebrar as regras de vez em quando. Além disso, essas "multas" colocam um ruído desnecessário em um instrumento saudável de educação financeira.

Recebi alguns comentários, um deles, do Jonathan, continha uma pergunta: "E se for ao contrário? Partir de zero e, para cada coisa boa que a criança fizer, ganhar algo a mais?" É uma boa pergunta. Estímulo positivo é melhor do que estímulo negativo, sempre. Mas, ainda assim, creio que não é a melhor opção. Por dois motivos principais:

- cria a possibilidade de ser bonzinho por interesse;

- não educa financeiramente, porque para isso seria necessário que os recursos fossem previsíveis.

Adicionalmente, acho que essa fórmula daria uma noção errada de funcionamento do mundo econômico – de novo, isso é importante porque a mesada é uma ferramenta para ensinar as crianças a lidar com o dinheiro. No mundo lá fora, não há recompensa por cumprir a obrigação.

Imóveis de papel

Dia desses alguém me contou que estava pensando em vender o apartamento que tem em outra cidade e aplicar o valor recebido em fundos de investimento imobiliário. Só não colocou o plano em prática ainda porque não conseguiu convencer a esposa de que seria bom negócio.

Um Fundo de Investimento Imobiliário (conhecido no mercado como FII) é um produto misto, meio financeiro, meio imobiliário. Esses fundos são donos de grandes imóveis, como shopping centers, grandes prédios de escritórios, hotéis, hospitais. A renda dos cotistas vem do aluguel de andares e salas para empresas e redes hoteleiras, por exemplo. Só que o rendimento dessas cotas é isento de Imposto de Renda, o que não ocorre com o aluguel tradicional. A ideia, portanto, não é ruim: se a família alugar o imóvel, vai ter de pagar IR; se aplicar em fundos (ou em Letras de Crédito Imobiliário, outro produto financeiro-imobiliário), não.

Há, entretanto, duas questões a olhar com mais cuidado. Primeiro, é preciso lembrar que, na hora de vender as cotas, vale a mesma regra de tributação dos investimentos em imóveis e em ações – ou seja, o ganho de capital é tributado com alíquota de 15%. O benefício tributário, portanto, é para manter o investimento.

Em segundo lugar, as cotas desses fundos são muito mais voláteis (ou seja, seu preço varia bem mais) que o preço do imóvel físico. Neste ano, por exemplo, os 61 fundos mais negociados na BM&FBovespa, que fazem parte do índice Ifix, registraram queda de 10,36%.

Se você está pensando nisso também, pese os prós e os contras, faça as contas e tome uma decisão balanceada.

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