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O que você faz?

Como você trata a mesada em sua família?

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É bem possível que todos os leitores que usam redes sociais tenham visto, na semana passada ou nesta, uma tabela postada por um morador de Rondônia, em que detalha a mesada de seus dois filhos. A foto da folha em que estão anotados os critérios e o "desempenho" das crianças se tornou viral: até as 17h30 de ontem havia sido compartilhada por 113,7 mil usuários no Facebook.

A ideia geral do método é simples: parte-se de um valor inicial básico (no caso, R$ 50 por criança), que pode cair se os filhos cometerem determinadas "faltas". Não puxar descarga no banheiro ou não tomar banho, por exemplo, resulta na perda de R$ 0,25. Deixar a porta da geladeira aberta custa R$ 0,50. Faltar, atrasar ou reclamar para ir à natação implica na perda de R$ 1. Não fazer uma tarefa escolar custa R$ 1. No fim da página, o resultado final: a menina (de oito anos) ficou com R$ 43,25; o menino (seis anos) acabou com R$ 30,50.

Se o leitor gostou da ideia, sugiro que pense melhor – ela pode causar mais mal do que bem. Aqui vão alguns argumentos.

Vou começar pelo que me parece ser o mais básico de todos. Se a criança toma banho, escova os dentes, vai à escola sem reclamar e obedece aos pais, não está fazendo nada mais do que sua obrigação. É papel dos pais, usando da autoridade amorosa que só eles têm, ensinar um conjunto mínimo de comportamentos capaz de dar aos pequenos proteção e condições de convivência social. Comportamento não é negociável.

Quando meus filhos eram menores, eu e minha esposa explicamos para que serve o cinto de segurança e como ele era importante em caso de acidente. E os ensinamos a afivelar o cinto tão logo entrassem no carro. Nosso combinado era esse: se alguém estivesse sem cinto, o carro não andava. O cinto não era negociável, porque poderia ser a diferença entre vida e morte. Nunca me passou pela cabeça pôr um preço no seu uso.

Com isso chegamos ao segundo ponto: os preços. Uma maneira de conceituar preço é a quantidade de dinheiro a ser trocada por uma mercadoria ou serviço, em uma operação de compra e venda. Em termos estritamente econômicos, é isso que está ocorrendo no caso da tal lista da mesada: para cada infração, é como se os pais sacassem determinada quantia de uma conta fictícia. Pode parecer economês para você, mas pode ser muito fácil de colocar em prática. "Ofender ou xingar meu irmão vai custar R$ 2? Ah, é pouco!" E lá vai um palavrão...

Educação financeira

Além de tudo isso, a mesada é um instrumento de educação financeira. A ideia, principalmente no caso de crianças abaixo de 12 anos, é que as crianças recebam um valor simbólico que possam usar à sua maneira e, assim, aprendam a lidar com dinheiro. Tanto o valor quanto sua periodicidade precisam estar dentro do universo de compreensão da criança – é por isso que se costuma aconselhar desembolsos semanais para a turma com menos de 15 ou 16 anos. O valor não pode ser pequeno a ponto de ser inútil para a criança. Também não pode ser grande, caso contrário não há estímulo à poupança. R$ 50 – mensais, presumivelmente – parece demais para crianças de 6 e 8 anos, idade dos filhos do autor do post. Para essa faixa etária, os especialistas indicam R$ 1 por ano de idade, pago semanalmente.

Há maneiras de estimular os filhos usando mesadas. Algumas famílias criam listas de tarefas adicionais para as crianças, e as remuneram se cortarem a grama da casa ou lavarem o carro, por exemplo – tarefas adicionais, fora do cotidiano, que poderiam ser feitas fora do círculo familiar e pagas. Tarefas cotidianas, como arrumar a cama e lavar a louça, não entram na lista. Elas devem fazer parte do arranjo familiar. De novo, nada mais que a obrigação.

Lá em casa, costumamos comemorar em família feitos excepcionais: uma nota alta em determinada prova difícil, por exemplo, pode resultar em um jantar, uma sobremesa especial ou em uma sessão de cinema. E fazemos isso juntos, porque comemorações nunca são solitárias.

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