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Tem muita gente por aí discutindo o preço dos imóveis. Uns falam em bolha, outros a negam. Não vou entrar nessa discussão, até porque não teria muito a acrescentar, dado que economistas bem qualificados ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre o tema. Para dizer a verdade, estou chegando à conclusão de que só será possível ter certeza absoluta sobre o que está ocorrendo nesse mercado mais tarde, olhando de forma retrospectiva.

Acredito, entretanto, que vale a pena dar uma olhada nas grandes construtoras, com ações negociadas na bolsa de valores. Das cinco maiores quedas do índice Ibovespa nos últimos 12 meses, três são ações de construtoras: Rossi ON, com perdas de 54,4%; PDG ON, que caiu 46,3%; e Brookfield ON, cujo valor diminuiu 34,5% no período. Das sete construtoras presentes no Ibovespa, somente uma tem papéis positivos no período: a Gafisa, com ligeira alta de 0,6%. Para alguns observadores, esse comportamento é resultado de uma desconfiança no ambiente de negócios em que operam essas companhias – ou seja, a construção e venda de imóveis novos.

Os relatórios financeiros de 2013 já apontam para uma série de medidas tomadas pelas empresas para colocar a casa em ordem, levando em conta esse ambiente. Um dos pontos que esses relatórios mostram é o aumento na quantidade de "distratos" (ou seja, na rescisão ou anulação de contratos). "Em conjunto com a implementação da nova política de crédito, demos início a um processo proativo e antecipado de qualificação de nossa carteira de crédito antes do término de obras, o que acarretou em rescisão de vendas para clientes cuja qualificação não se enquadravam no portfólio de crédito imobiliário dos bancos parceiros", diz a mensagem da administração da PDG. A Brooksfield relata que a quantidade de distratos subiu 53% na comparação entre 2013 e 2012, e somou o equivalente a R$ 649,3 milhões. Ambas as empresas observam que esse processo foi mais intenso em meados do ano e tendia a normalizar-se em 2014.

A Rossi observava em seu relatório anual que havia feito cortes de despesas gerais e administrativas da ordem de 24%, e que estava vendendo "ativos não estratégicos" – ou seja, terrenos que não estão nos planos mais imediatos para lançamento de novos empreendimentos – e que ainda via potencial para vender mais terrenos, em um valor total superior a R$ 100 milhões.

Os próximos dias marcam o início da temporada de balanços do primeiro trimestre de 2014. A se confirmarem alguns prognósticos dos últimos relatórios financeiros, ele tende a ter números melhores. A Cyrela Brazil Realty divulgou, na quinta-feira logo antes do feriado, uma prévia de seus resultados operacionais, que mostra um aumento de 13,9% nas vendas.

Seria esse um sinal de recuperação do mercado? É possível. Mas melhor mesmo é ficar de olho.

A volta do risco político

Em financês, "risco político" é a possibilidade de medidas políticas resultarem em algum tipo de influência sobre o mercado de atuação de determinada empresa. Um exemplo típico foi a decisão do governo federal de relicitar as concessões de usinas hidrelétricas, em 2012. Era algo até possível, mas que as companhias energéticas imaginavam ser fora de cogitação.

O risco político está na ordem do dia, com o falatório sobre a redução dos lucros da Petrobras e sua desvalorização na bolsa nos últimos anos. Sinal de imaturidade da democracia brasileira. São dois os problemas: um é a disposição de grupos políticos mudarem bruscamente as regras que regulam os mercados; outro é a manipulação dessas expectativas por parte de pessoas ou partidos.

Quem é pior?

As bolhas do mercado ou os bolhas da política? Mande sua opinião, seu comentário ou sua dúvida sobre finanças pessoais para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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