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De quanto você precisa para se aposentar? Costuma-se dizer que, quando as pessoas se aposentam, as despesas diminuem. Não há mais os custos fixos com o deslocamento de casa para o trabalho e menos refeições fora de casa, por exemplo. Nessa fase da vida os filhos normalmente têm vida independente, não exigindo desembolsos adicionais (além, claro, dos presentes para os netos).

Mas existem casos e casos. O do leitor Francisco, por exemplo.

Ele escreve para contar que acumulou R$ 1,2 milhão para custear sua aposentadoria. O dinheiro está em CDBs (75%) e poupança (25%). Aos 58 anos, fatura como autônomo R$ 18 mil brutos e quer se aposentar, mas pergunta: "É possível manter o mesmo padrão?"

Levei a questão ao consultor em investimentos Raul Gomes Pereira Ribas, da Diversinvest. Ele observou que, mesmo contando com os vencimentos da Previdência (R$ 1,3 mil por mês, segundo o leitor), vai ser difícil. Contando simplesmente com as suas economias atuais e o rendimento de aplicações conservadoras como as atuais – que são plenamente compatíveis com o seu plano e os seus prazos, diga-se de passagem –, e sacando algo em torno de R$ 15 mil ao mês, o dinheiro vai se esgotar em menos de dez anos.

A solução pode ser adiar a aposentadoria. "Ele pode diminuir o ritmo, mas continuar trabalhando até uns 65 anos", sugere Ribas. Também pode mexer no seu orçamento, rever gastos para que possa reduzir a necessidade mensal. Assim, poderia viver só com os rendimentos de suas aplicações.

A chave, aqui, está em torno de R$ 6 mil ao mês. Mantidas as regras atuais, esse é o rendimento mínimo mensal que ele vai obter com a caderneta de poupança. Sacando até esse valor, ele não reduz seu patrimônio.

Sobre o surrealismo

O leitor Marcelo escreve para comentar a nota "Surrealismo imobiliário", publicada na semana passada. Ele ficou incomodado com o trecho que diz "ou as imobiliárias envolvidas no lançamento estavam mentindo ou alguém com muita bala na agulha comprou boa parte dos apartamentos".

Diz ele: "Li repetidamente a sua coluna, mas precisamente a parte que se refere ao setor imobiliário, você sabe, refrigerante de graça, pernas de pau e decisões precipitadas, ou seja, surrealismo imobiliário.

Bem, contudo, sinto informar que para uma pessoa que esta disposta a ensinar cálculos, a sua matemática não confere".

"Ora, se algum investidor comprou boa parte dos imóveis, podemos tratar este investidor de cliente, estou certo ou não? Ou seja, no mínimo é uma pessoa que vislumbrou uma oportunidade e acreditou no empreendimento, concorda?"

Obviamente, Marcelo tem razão nisso – é claro que o sujeito que compra uma batelada de unidades é, para imobiliária e incorporadora, um cliente. Mas não é exatamente um investidor, porque sua ação é especulativa: ele pressupõe um aumento nos preços dos imóveis nos próximos anos e antecipa-se a esse movimento. E a sua participação conduz a um desequilíbrio, fazendo a demanda parecer maior do que realmente é. Esse é o problema que eu queria apontar. Quanto à mentira... Ora, aquele era para ser o dia do lançamento do imóvel, bem sinalizado pela publicidade, com direito a contagem regressiva. Mas, se não havia unidades disponíveis, é sinal de que as vendas começaram antes. E para que a contagem regressiva? Segundo o corretor que me atendeu, para formar um cadastro para o próximo lançamento da incorporadora.

Alguém pode discordar, mas eu me senti enganado.

Quem especula

Essa figura, a do especulador, estava meio quieta. Ela está dando as caras no mercado imobiliário porque este está muito aquecido, devido às facilidades de crédito introduzidas pelo governo, e porque a queda nos juros acabou com os lucros fáceis da renda fixa.

Quando se pensa em especulador, logo vem à nossa mente um indivíduo de uma capacidade econômica superior. Mas a facilidade de crédito tem levado algumas pessoas de classe média e orçamento contado a entrar em financiamentos para comprar um imóvel na planta, para vender na época da entrega das chaves (quem não ouviu o caso de alguém que faturou alto com isso?). A escala é menor, mas é especulação do mesmo jeito. E é bom lembrar que ela envolve operações de risco que podem levar a ganhos tremendos ou perdas colossais, dependendo de como as coisas evoluem.

Há opiniões para todos os gostos. Tenho ouvido de fontes minhas que o mercado curitibano está de tal forma aquecido que vale a pena tomar dinheiro emprestado para comprar imóvel. Outras têm lembrado que, justamente por isso, os preços já estão altos – uma situação que pode não se prolongar indefinidamente.

Então, que fazer? Sugiro olhar tudo com muita atenção, evitando decisões apressadas. Avalie se vale a pena apertar o cinto para obter um ganho que você não sabe quando vai chegar.

Festinha

Lembro ao leitor que sempre é bom desconfiar de eventos que incluam muita festa para vender algum produto. Se tem cantor, ator ou apresentador na propaganda; se tem distribuição de prêmios; se tem comida e bebida de graça para quem aparecer, pode estar certo: a conta está no preço.

Dê preferência a quem faz menos farra e cobra preço justo.

Continua...

...por e-mail. Envie se comentário, dúvida ou crítica pelo financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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