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No ano passado, apenas nove países do mundo registraram inflação superior a 10%. Potências econômicas: Venezuela, Sudão, Malawi, Belarus, Irã, Gana, Mongólia, Ucrânia e Egito. No ano que vem, o Brasil estará na lista. O índice de preços ao consumidor de Curitiba, que deve ficar em torno de 12%, estará no mesmo patamar da Ucrânia de 2014. Só que o país europeu está em guerra civil.

Guerras, ditaduras, convulsões internas e desastres naturais estão por trás dos números. Para falar só dos três primeiros: a Venezuela tem um governo cuja legitimidade é discutida, cerceia a oposição e a imprensa; o Sudão está em guerra civil há décadas; o Malawi passa pela pior crise de alimentos em 40 anos, depois de uma sucessão de enchentes e secas. A Mongólia, dona da sétima maior inflação do ano passado, está em crise porque seus vizinhos mais ricos, Rússia e China, estão em crise e porque o preço de seu grande produto de exportação, o cobre, desabou no mercado internacional. E o Brasil, qual é a sua tragédia?

Incertezas da política

Obviamente, o leitor já tem uma resposta na ponta da língua: nossa tragédia é política. Mas como uma crise se transmite à outra? É por picada de mosquito? Algum Aedes corrupti, ou quem sabe um Anopheles pilantrae?

Há quatro anos, dois economistas do FMI (o paulistano Ari Aisen e o português Francisco José Veiga) fizeram um estudo tentando quantificar a influência das crises econômicas na política. Eles colocaram em suas equações variáveis como o PIB, o valor de investimentos privados, o número de crianças matriculadas na escola primária, o crescimento da população, a abertura do país ao comércio internacional, a quantidade de mudanças no gabinete do governo e os gastos da máquina pública.

Entre outras constatações, eles descobriram que quanto mais mudam os ministros – um sinal de instabilidade na equipe governamental –, maiores as chances de um crescimento econômico reduzido. “Nossos resultados sugerem que governos em países politicamente fragmentados com altos graus de instabilidade política precisam tratar as suas causas profundas e tentar amenizar os efeitos ao desenhar e implementar suas políticas públicas”, escrevem. “Só então os países teriam políticas econômicas duráveis, que poderiam engendrar um crescimento econômico maior.”

Em outras palavras, não dá para crescer com essa bagunça.

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