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Em 2008, o câmbio fez algumas vítimas. Entre agosto e outubro daquele ano, uma crise abateu-se sobre o mercado financeiro internacional. No front brasileiro, o resultado disso foi uma alta forte nos preços do dólar – coisa de 50% em três meses.

Esse salto foi suficiente para abater companhias do porte da Sadia e da Aracruz, que haviam feito operações financeiras envolvendo as cotações futuras da moeda americana. Esse tipo de aplicação é relativamente normal para empresas exportadoras (e esse era o caso das duas). A ideia é se proteger das variações cotidianas da moeda, só que no caso dessas duas companhias e de algumas outras, os valores envolvidos eram muito mais altos. Ficava claro que o objetivo da empresa era ganhar dinheiro com operações de mercado – buscar receita financeira, como se diz em financês –, mais do que a simples proteção dos negócios. Como resultado, Sadia e Aracruz quebraram e foram absorvidas por concorrentes.

Neste ano, o dólar também andou dando seus pulos. De 1º de julho até ontem, a alta acumulada é de 25%. Será que ele vai voltar a abater alguma empresa?

Espera-se que os diretores financeiros tenham aprendido a lição e que não exponham suas empresas a riscos desse tipo. Mas, mesmo que essa lição tenha sido aprendida, há outros problemas que estão acendendo uma luz amarela no radar dos observadores. Quer um exemplo?

Há quem fale agora que, lá pelo fim do primeiro trimestre de 2016, o dólar poderá chegar à casa dos R$ 4,50. Se chegarmos lá, aí, sim, a situação fica difícil.

A empresa de informação financeira Economatica fez na semana passada um levantamento estimando as perdas que as empresas brasileiras com ações negociadas em bolsa devem ter com o derretimento do real, nos últimos meses. O levantamento dava destaque às empresas que têm altos porcentuais de endividamento em moeda estrangeira. Companhias como Oi, JBS, Eletrobras e Embraer devem ter aumentos bilionários em suas despesas financeiras em decorrência da alta do dólar – os números devem constar dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados na última semana do mês que vem. Pelas contas da Economatica, a despesa financeira decorrente da variação cambial ficaria por volta de R$ 8 bilhões no caso da Oi e de R$ 5,2 bilhões no da JBS. Eletrobras e Embraer veriam essa despesa subir R$ 2,9 bilhões e R$ 1,9 bilhão, respectivamente.

Isso é mau? Se as cotações voltarem a recuar, o impacto talvez não seja tão grande. Se elas se mantiverem nas alturas, as companhias terão de tomar alguma medida para rever o perfil de sua dívida. Não é tão simples e vai demandar muita energia da empresa, além de desgastar sua imagem perante credores e mercado em geral.

Questão adicional: ninguém está vendo luz no fim do túnel, por enquanto. Há quem fale agora que, lá pelo fim do primeiro trimestre de 2016, o dólar poderá chegar à casa dos R$ 4,50. Se chegarmos lá, aí, sim, a situação fica difícil.

O imposto-remendo

Afinal, por que os governos insistem tanto em tentar criar e recriar o imposto sobre movimentação financeira? Será que não entenderam que ele é mais do que um novo imposto, é um símbolo da mão do governo metendo-se sorrateiramente no bolso do contribuinte?

Não será tentando transformar um imposto malquisto em algo para o bem da nação que ele vai emplacar. No passado, argumentava-se que ele seria a salvação para a área da saúde. Agora, a ideia é colocá-la como a saída para a Previdência. Não cola.

Mais que um imposto-remendo, o país quer soluções que durem e que devolvam o Brasil ao caminho do crescimento. Até agora não apareceu nem um sinal disso.

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