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Hábitos importados nunca são iguais aos originais. Quando algum comportamento ou estratégia bem sucedida em outro país é trazido para o Brasil, precisa ser adaptado ou vai fracassar. Isso vale para as questões mais corriqueiras e para as mais complexas. Anos atrás estive em um restaurante chinês em Foz do Iguaçu que servia, principalmente, imigrantes. Ele tinha cardápios em dois idiomas. O cardápio oriental tinha pelo menos o dobro de opções da versão em português. A explicação do proprietário: havia muitos ingredientes que não agradariam os brasileiros, por isso eles tinham alguns pratos com receitas "aceitáveis" para o paladar nacional.

Esse é um exemplo simples da necessidade de adaptar qualquer tipo de receita. Mas o Brasil não tem importado somente comida. Na verdade, no cardápio das nossas empresas há, provavelmente, mais ideias estrangeiras que mercadorias d’além-mar. Gostaria de me ater mais a uma delas, com que vários brasileiros andaram lidando nos últimos dias: a das liquidações de início de temporada.

Na semana passada, muita gente parou por algumas horas em frente ao computador para avaliar as promoções da "Black Friday" dos sites de comércio eletrônico. E, como em outros anos, não faltaram reclamações de que muitas ofertas eram fajutas, e que os preços eram os mesmos dos dias anteriores.

A tal black friday é uma invenção americana. É o dia seguinte ao feriado do Dia de Ação de Graças - para o americano em geral, uma data de importância comparável ao Natal, comemorada em família e cheia de tradições, sempre na última quinta-feira de novembro. A data abre a temporada de compras que antecede o Natal, e os comerciantes costumam guardá-la para grandes promoções, em que as mercadorias que já têm algum tempo de prateleira são vendidas com desconto para abrir espaço para novas coleções. Em anos mais recentes, varejistas americanos passaram a observar a Cyber Monday, primeira segunda-feira de dezembro, para promoções no comércio eletrônico.

Para o brasileiro, nenhuma dessas datas tem relevância. Talvez seja esse o grande motivo para nada disso ter decolado: elas são apenas datas aleatórias, sem sentido prático ou histórico. Pura conversa. É diferente das promoções dos primeiros dias úteis do ano, que têm razão de ser: liquidam as sobras do Natal e "zeram" os estoques para a contabilidade na virada do ano. A tendência, pela tradição brasileira e pelas práticas habituais do comércio, é que o consumidor deverá encontrar preços baixos de verdade em janeiro. Nunca no fim de novembro ou na primeira semana de dezembro.

Mesmo nos Estados Unidos a data não é uma unanimidade. Há muita gente que acha desrespeitoso o fato de as lojas abrirem cada vez mais cedo, não mais na sexta-feira, mas avançando sobre o Dia de Ação de Graças. Lojas e centros comerciais neste ano começaram as promoções às 10 da manhã do Dia de Ação de Graças. Outras ganham apoio do público ao informar que só abririam na sexta por respeito aos empregados, suas famílias e amigos. Mesmo assim, informações do fim de semana mostram que as compras dos americanos caíram 3% na comparação da black friday deste ano com a do ano passado, enquanto que as vendas do feriado propriamente dito cresceram 17%.

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