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Você deve ter aprendido na Física: todo movimento é relativo ao seu referencial. Assim, um carro a 100 quilômetros por hora está em movimento em relação à paisagem ao seu redor, mas seu passageiro pode estar dormindo descansadamente, porque está em repouso em relação à cabine do veículo. Mais: Einstein nos ensinou que até o tempo pode ser relativo, dado que ele anda mais devagar quanto maior é a velocidade do objeto.

Em finanças, o tempo dinheiro também é variável relativa. E a pergunta que vale um milhão é "o que é longo prazo?"

Para alguns, investir no longo prazo é aplicar o dinheiro por um ano. Para outros, dois anos é uma eternidade. Para outros, longo prazo de verdade é quando você tem 20 anos e começa uma poupança para a aposentadoria.

Qualquer que seja o ponto de vista, o tempo é essencial para o investimento. Pensei nisso quando lia o e-mail enviado pela leitora Thais, que conta que tem R$ 500 mil para investir e quer aplicá-los "de longo prazo". Ela relata ser conservadora em termos financeiros e diz que já pré-selecionou dois tipos de ativos. O que é melhor, títulos do Tesouro Direto ou Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) da Caixa Econômica Federal?

Levei a questão para Mehanna Mehanna, sócio da casa de investimentos curitibana Toro. Ele aponta quatro fatores que Thais – e qualquer outra pessoa que estiver em situação semelhante – deve levar em conta.

Risco: o risco das LCIs está ligado à instituição emissora. Traduzindo: você corre o risco de perder dinheiro se o banco quebrar. O Fundo Garantidor de Crédito ajuda, garantindo que saldos de até R$ 250 mil por CPF serão pagos. No caso dos títulos públicos, o risco é mais baixo, porque está associado à capacidade financeira da União. Em última análise, caso as LCIs sejam emitidas por um banco estatal (Caixa ou Banco do Brasil), pode-se considerar igual o risco de LCIs e títulos públicos.

Liquidez: em muitos casos, as LCIs "amarram" o investidor pelo prazo da emissão do título. Ou seja, se você comprar uma LCI com 24 meses de prazo, muito provavelmente não poderá sacar nada até o fim desse período. Já o Tesouro Direto tem liquidez semanal. Toda quarta-feira o Tesouro faz recompra de títulos, a preços de mercado. O ideal sempre é manter os títulos até o fim do prazo, mas, ao menos, é possível deixar esse investimento. Assim, se houver alguma possibilidade de precisar desses recursos antes do prazo previsto, o Tesouro Direto deve ter a preferência;

Tempo: é a variável crucial. Para investimentos de até 2 ou 3 anos, as LCIs têm vantagens, por causa da isenção de tributos com que elas contam. Mas as LCIs disponíveis no mercado têm prazos que raramente ultrapassam três anos. Nesse caso, você teria de fazer outra operação de compra, com condições que podem ser diferentes. Para prazos maiores (e quando falamos de longo prazo, no mercado financeiro costuma-se pensar em não menos de 5 anos, preferencialmente 10 ou mais), a vantagem está no Tesouro Direto;

Flexibilidade: o rendimento das LCIs estará sempre ligado ao desempenho do CDI, que quase sempre está casadinho com a taxa básica brasileira, a Selic. Já o Tesouro Direto tem nuances – você pode comprar títulos atrelados à Selic, papéis que pagam a variação da inflação ou escolher uma taxa prefixada, que não vai mudar por todo o prazo do investimento. Se você acha a taxa de juros atual, na faixa dos 11%, atraente no longo prazo, pode comprar um título com vencimento em 2015 e garantir esse rendimento pelos próximos 11 anos.

Pensando nesses quatro itens, o investidor pode fazer uma composição de papéis, colocando parte em LCIs e parte em títulos públicos. Quanto maior o prazo de investimento, maior a participação dos títulos públicos.

E aí?

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