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Nos próximos dias teremos notícias interessantes no mercado imobiliário. Devem ser divulgados nesta semana os balanços de algumas das grandes construtoras brasileiras, como MRV, Cyrela e Rossi. Elas trarão informações relevantes sobre os rumos do mercado, investimento e – preste atenção nesses dados – no nível de distratos.

Simplificando, os distratos são os cancelamentos de contratos imobiliários. Você deve lembrar que, há anos, a quantidade de lançamentos cresceu bastante. Essa elevação se deveu a diversos fatores, em especial aos financiamentos disponíveis e relativamente mais baratos que no passado, além do aumento na renda da população brasileira. Boa parte dos imóveis foi vendida na planta, os preços vinham subindo bastante e muita gente embarcou em negócios sem fazer todas as contas necessárias. Alguns até compraram mais de um imóvel, imaginando poder vender com lucro na época da entrega. Alguns desses clientes não conseguiram realizar seus planos. Outros não tiveram crédito aprovado pelos bancos, que se tornaram um pouco mais seletivos do ano passado para cá. Quando isso acontece, o resultado é um distrato.

Tivemos elevação nos números de distratos das três grandes construtoras de capital aberto cujos dados do segundo trimestre já vieram a público. Na PDG, foram R$ 145 milhões em distratos no primeiro trimestre e R$ 275 milhões no segundo. A Tecnisa apurou de janeiro a março distratos no valor de R$ 107 milhões, e de R$ 111 milhões no segundo trimestre. A Gafisa registrou 80 cancelamentos no primeiro trimestre, contra 120 no período de abril a junho.

O que ocorre com as unidades distratadas? Elas voltam ao mercado, como revenda. Em muitos casos, elas alimentam os feirões que construtoras e grandes imobiliárias têm feito nos últimos meses.

É preciso saber o que anda ocorrendo no mercado para fazer bons negócios. Fique de olho. E também cuide para não ter um olho maior do que o bolso. Nos distratos, o comprador sempre perde dinheiro.

Mudando de assunto...

Achei interessantes os cartazes da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em associação ao Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), que estão em diversos lugares da cidade e fazem parte da campanha "Achou, perdeu". Dizem eles que, nos cigarros contrabandeados, o consumidor encontra ratos, baratas e lixo.

Contrabando é ilegal, qualquer que seja a mercadoria. Não deve ser feito, e as pessoas que compram produto contrabandeado são coniventes com um crime que, por sinal, costuma associar-se a outros: o sujeito que desenvolve um canal para "passar" cigarros ilegais para dentro do país pode usá-lo para trazer qualquer outra mercadoria, entre elas drogas e armas.

Quando se trata de cigarro, entretanto, o apelo parece um tanto estranho. Será ético vender um produto cuja fumaça contém 4.700 substâncias tóxicas e será responsável direto por 80% dos 37.330 novos casos de câncer de pulmão que o Instituto Nacional do Câncer prevê para este ano no Brasil?

Pura hipocrisia, você não acha?

Manifestações

Recebi algumas manifestações de leitores sobre a coluna da semana passada que aconselhava a não ouvir nem o discurso pessimista da oposição, nem os excessos otimistas do governo. Na verdade, o que eles pediam é que eu – para usar uma expressão que está na moda desde o vídeo do Marco Véio – tacasse pau em um dos lados.

Deselegante isso. Creio que o leitor tem cérebro suficiente para tirar suas próprias conclusões. Não vou ser um black block intelectual, não quero jogar pedra na vitrine de ninguém. O eleitor precisa amadurecer e tomar suas próprias decisões, para não lamentar depois.

Escreva!

Dito isso, repito o que sempre digo: mande seu comentário ou dúvidas sobre educação financeira para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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