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O agronegócio está sendo tratado como um instrumento de revitalização econômica, capaz de motivar o consumo e estimular o crescimento.

Com R$ 50,4 bilhões, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Paraná em 2011 estabelece uma marca histórica, com contribuição decisiva no Produto Interno Bruto (PIB) do estado e participação de quase 25% no VBP nacional, que foi de R$ 205,9 bilhões. O melhor desempenho até então havia sido em 2008, com um resultado de R$ 47,59 bilhões. Nos dois casos, o resultado foi garantido pelos números expressivos de produção, produtividade e comercialização da soja, que tem sido a principal variável de desempenho desse indicador. No estado mais diversificado do país, porém, a composição das riquezas geradas vem de uma cesta montada de Norte a Sul, de Leste a Oeste, da oferta de grãos à produção de carne, leite, frutas, cana e madeira.

O crescimento porcentual do VBP diante do ano anterior, que foi de 4,7%, expõe a participação expressiva da agropecuária na economia paranaense, que encerrou 2011 com uma variação positiva do PIB em 4%. Uma relação que mostra como o campo vem sendo estratégico na sustentação da economia, seja ela urbana ou rural. Uma configuração que tem, inclusive, motivado políticas públicas estratégicas, focadas na produção agrícola e pecuária, mas com objetivos macroeconômicos. Na prática, o governo, ou os governos, tem apostado no agronegócio uma boa parte de suas fichas. Se em 2012, por exemplo, o PIB brasileiro vai crescer 2% ou 2,5%, isso tem tudo a ver, ou quase tudo a ver, com o agronegócio. Porque poderia ser menor.

Também não será nenhuma surpresa se o agro desbancar todas as previsões. Apesar da estiagem que prejudicou a produção agrícola na Região Sul, os preços pagos ao longo do primeiro semestre foram altamente compensadores, em especial para os grãos, e devem ter rentabilidade ainda maior no segundo semestre. A seca que afeta as lavouras nos Estados Unidos, os maiores produtores de soja e milho do planeta, confere preço de "ouro" à saca da oleaginosa e cotação extremamente atraente ao cereal. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), o mesmo responsável pela apuração do VBP, a sexta-feira registrou máxima de R$ 75/saca de soja, com média de R$ 69,89. O milho, a surpreendente cotação de R$ 32/saca, com média de R$ 25,57.

Tudo bem que praticamente não existe produto disponível, o que faz que o maior exportador mundial de soja tenha que importar o produto para garantir o abastecimento interno com um estoque mínimo de segurança. Realidade que se desenha a partir de fundamentos, com pouca especulação. O que eleva ou segura preço neste momento, no Paraná, no Brasil ou no mundo é a relação direta de oferta de demanda. A redução no potencial produtivo dos Estados Unidos em mais de 50 milhões de toneladas entre soja e milho sinalizam porto seguro à nova safra brasileira, em preço e mercado. Uma safra, aliás, para ficar na história. Com incremento de área e tecnologia, uma produção que pode se aproximar das 180 milhões de toneladas.

Condições para isso não vão faltar. O clima tem tudo para ajudar, os preços são um estímulo à parte e os recursos nunca foram tão fartos. Está todo mundo querendo pegar carona no agronegócio, o que não é ruim. Ao contrário, é muito bom para o setor. Depois do Plano Safra do governo federal, que trouxe redução de juros, aumento do volume de recursos e ampliação do limite de contratação, foi a vez do governo do estado fazer a sua parte. Na semana passada o governador Beto Richa anunciou a ampliação em 130% dos recursos à subvenção ao seguro rural no estado. Antes disponível apenas para o trigo, a participação do governo no prêmio se estende também às culturas de café e milho safrinha. No ciclo 2012/13 devem ser disponibilizados R$ 8 milhões para essa operação, como complemento ao prêmio do seguro, reduzindo a parte que cabe ao produtor.

É o agronegócio dando as cartas, alçado agora ao papel de protagonista, num estado e país onde o setor, apesar de sua relevância econômica, historicamente sempre atuou como coadjuvante. Mais do que isso, está sendo tratado como instrumento de revitalização econômica, capaz de motivar o consumo e estimular o crescimento – ou pelo menos estancar uma possível queda ainda maior do PIB, o que já será uma grande vitória, a considerar o quadro de crise mundial, com recessões ou então de estagnação das economias desenvolvidas.

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