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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Quando o dólar dispara, o preço dos automóveis aqui no Brasil sobe. O motivo é simples: em tempo de economia globalizada, vários componentes são importados. Até o aço, que é todo feito dentro do país, tem cotação internacional em dólares. Tudo bem. No meio de uma crise nos mercados financeiros esses argumentos acabam sendo compreendidos.

Só que quando o dólar despenca, eu não vejo o preço dos automóveis cair no Brasil. Em tempos de intensa globalização, estamos diante de uma forte discrepância entre o preço dos automóveis no primeiro mundo e o preço que os brasileiros pagam pelos automóveis.

Nesse fim de semana, eu fiz visitas a algumas concessionárias que, por sinal, andam lotadas de compradores ávidos por trocarem de carro. Para colocar um pouco de água nessa fervura, vou comparar os preços de tabela no Brasil com os preços sugeridos pelas montadoras nos EUA para alguns carros zero já bem conhecidos pelos brasileiros.

O Toyota Corolla custa no Brasil mais de R$ 60 mil. Nos Estados Unidos (EUA) ele é um carro popular. Convertendo o preço em dólares para reais pelo câmbio de hoje, o valor nos Estados Unidos não passa de R$ 28 mil. Ou seja, um brasileiro precisa juntar mais do que o dobro para levar para casa o mesmo Corolla dos americanos. Sem falar que os salários médios dos brasileiros são bem inferiores aos dos americanos. Ou seja, o esforço aqui para se trocar de carro é muito maior.

O Honda Civic custa o mesmo que o Corolla: pouco menos de R$ 28 mil. Lá nos Estados Unidos. Claro! Hoje esse carro faz grande sucesso no Brasil e é difícil pagar-se menos do que R$ 70 mil reais para desfilar com ele pelas estradas nacionais.

Um outro carro mundial feito no México e que já circula por aqui é o Ford Fusion. No Brasil custa mais de R$ 80 mil. Lá nos EUA, sai por menos de R$ 33 mil. A Volkswagen também está trazendo do México um carro internacional: Jetta. O preço no Brasil é de, no mínimo, R$ 84 mil. Nos EUA, custa só R$ 30.300.

São todos eles carros mundiais com o mesmo design, as mesmas peças e com mão-de-obra igualmente bem treinada. Por que então os preços aqui são tão mais altos? Algumas antigas explicações: 1) os impostos no Brasil são bem maiores; 2) ainda temos que pagar por tecnologia estrangeira.

Entretanto, não se deve esconder que a margem de lucro tanto das montadoras quanto das revendedoras aqui são bem maiores. Parte considerável desse lucro extraordinário foi gerada pelas oscilações no câmbio. Quando o dólar disparou em 2002, os preços dos veículos foram fortemente reajustados no Brasil. No entanto, a queda do dólar nos últimos dois anos coincidiu com o aquecimento das vendas no varejo por aqui. "Daí não precisava baixar o preço", me diz um experiente comerciante.

O que o consumidor pode fazer? Quase nada. Ao tomar conhecimento dos valores relativamente absurdos que estamos pagando pelos automóveis por aqui, temos como única vingança adiar ao máximo a troca do velho carro. Que pena...

O leitor pergunta:

– O que rende mais? Investir em ações no Brasil ou nos EUA?

– As ações brasileiras têm sido mais rentáveis do que as ações americanas. Só que o risco por aqui também tem sido maior. Confira no gráfico.

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