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Até pouco tempo atrás, comprar um produto barato significava levar algo ruim. Quem comprasse barato sinalizava que não tinha dinheiro para levar algo melhor. Quando adquiria roupas em lojas mais simples, preferia omitir isso de seus colegas e até de seus parentes.

Agora, tudo mudou. Donos de carros sofisticados dirigem longas distâncias para comprar mais barato. Orgulham-se em dizer que encontraram roupas, comida ou brinquedos em promoção. Media Markt, uma grande cadeia de lojas alemã, colocou a frase "Geiz ist Geil" numa campanha publicitária. Geiz tinha um significado negativo, algo próximo ao nosso "pão-duro". Hoje a mesma palavra tem um significado positivo. Seria como dizer que "o barato é mais legal".

Hoje em dia, produtos de baixo preço oferecem boa qualidade. Carros populares também dão pouco defeito, oferecem conforto no trânsito urbano e chegam a custar menos da metade de concorrentes um pouco mais sofisticados. Eletrodomésticos com nomes asiáticos estão dominando nossas lojas especializadas, e as reclamações são pouco freqüentes. O modelo de baixo custo também faz enorme sucesso nas companhias aéreas domésticas e até os medicamentos genéricos fazem fortunas pelo mundo. Diante disso, mesmo quem tem dinheiro no bolso escolhe o mais barato e se orgulha. Sente-se como um caçador de tesouro ao descobrir muito valor em um produto de preço muito baixo.

Contraditoriamente, tem havido um grande crescimento no mercado de produtos de luxo. Observe a quantidade de padarias e restaurantes sofisticados abertos nos últimos dez anos. Uma famosa joalheria americana anda faturando alto em São Paulo. Butiques abrem verdadeiros templos de luxo para agradar um grupo cada vez mais disposto a gastar com supérfluos e a pagar por marcas que adicionem valor a seu corpo. Queijos e vinhos sofisticados vendem mais do que produtos tradicionais.

Esse mundo, dividido entre dois extremos, foi objeto de uma interessante pesquisa de Michael Silverstein, do Boston Consulting Group. O autor narra também o insucesso de empresas que optaram em ficar no meio do caminho. Fabricantes de queijos tradicionais ou montadoras de veículos médios andam perdendo dinheiro. Quem realmente está ganhando apostou, ou no mercado de luxo, ou no mercado de barganhas. Exatamente os dois segmentos que geram enorme prazer aos seus incansáveis caçadores: os consumidores modernos.

O leitor pergunta:

Se a bolsa oscila tanto, não seria melhor ser um investidor ativo e só comprar na baixa para vender na alta?

Fácil de falar, difícil de fazer. Os investidores de curto prazo costumam perder tudo na tentativa de pular de galho em galho. Os que se mantêm firmes no longo prazo costumam ter noites mais tranqüilas e mais dinheiro no bolso. Na semana passada, o índice Dow Jones bateu um novo recorde histórico, comprovando a força do mercado americano, apesar do estouro da bolha de tecnologia, dos ataques terroristas e dos escândalos na contabilidade. O gráfico mostra que o mau desempenho nos primeiros instantes do novo século foi compensado pelos bons lucros das multinacionais nos últimos três anos.

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