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Semana passada uma notícia abalou o mundo: o mestre da inovação, Steve Jobs, faleceu. Vi, li e ouvi dezenas de especiais e matérias falando de seu legado, de suas contribuições para o mundo, e, do seu modo de agir e liderar a empresa. Algumas matérias encabeçavam seus periódicos com "o mundo não será mais criativo como antes", ou "do que será o futuro da empresa de Jobs a partir de agora?". Não desejo entrar nos méritos das competências ou habilidades que o rapaz tinha ou não, o fato é que isto me chamou a atenção para o seguinte: o "rastro" que alguns líderes/chefes deixam com sua saída de uma empresa. E sobre isto falarei esta semana.

Curiosamente, lembrei-me de duas pessoas que foram bastante ligadas em momentos distintos da minha carreira, e cada uma deixou uma marca diferente, não só em mim, como nos colegas que comigo trabalharam e no lugar que passaram.

Um deles foi um chefe extremamente ruim que eu tive. Apesar de ser muito bom no que fazia, seu comportamento, carregado de características negativas, torrava a paciência e testava a saúde mental e física de sua equipe. Portanto, focarei somente no caso bom que marcou minha vida positivamente.

Em uma empresa que trabalhei havia um rapaz, chamado John. Natural da Inglaterra, ingressara na mesma empresa que eu como trainee aqui no Brasil. Mesmo jovem, seu brilhantismo e autenticidade chamavam a atenção de todos que com ele se relacionavam ou trabalhavam. O rapaz, magro de ruim, tinha a pele esbranquiçada em contraste com seus cabelos negros, além disso, o sorriso permanente estampado em seu rosto o tornava leve e extremamente agradável de conviver. Resumindo em muito a história, que durou mais de uma década, os anos foram se passando e ele foi subindo vários degraus na hierarquia da empresa.

Em certo momento, após ter assumido um cargo importante, sua rotina era bastante agitada, e resumia-se a viajar por todo o país visitando as filiais que a empresa possuía. Ao longo dos vinte dias que passava em cada filial, lembrava-se de absolutamente tudo que havia sido discutido, falado, decidido em sua última visita – mesmo que esta tivesse sido seis meses antes. Além disso, conseguia unir todos os colegas de um setor em programas fora do expediente como ninguém, e conseguia fazer o papel "entrosamento" muito bem com todos, mesmo que não os conhecesse bem.

Aos colegas mais próximos e gestores, ele contava os segredos que o tornavam tão agradável diante dos colegas, os mesmos que tornavam suas equipes tão leves e boas para trabalhar. Além disso, contava como mantinha tudo "arquivado" em sua cabeça.

A estratégia para a memória era simples: tudo o que havia sido comentado e decidido nas reuniões e conversas era anotado em uma caderneta ao fim do dia, na cama, antes de dormir. Então, a cada vez que retornava às filiais, tinha ali escrito tudo o que foi levantado e apontado muito tempo antes.

John trabalhou quase toda a sua carreira nesta empresa e tive o prazer de ter um colega como ele. Mesmo após sua saída, muitos dos costumes e atitudes do inglês foram perpetuados por diferentes gestores e adotados como normas a serem seguidas, visando uma melhora no clima geral da empresa, além de garantir que todas as informações, independente de sua importância estratégica, ficassem resguardadas pelos funcionários. Justamente como John fazia.

Este líder, que conseguiu administrar e mudar alguns dos hábitos da empresa simplesmente com seu carisma, mostra como as atitudes das pessoas com poder e influência (geralmente os chefes), conseguem mudar uma empresa toda (ou até mesmo o mundo), quando esta influência é usada com sabedoria a favor do todo. Mais ou menos como o inventor do iPod, iPhone, iPad, iTunes outros "I’s" conseguiu fazer.

Terça-feira, falarei na Coluna mais sobre este "rastro" deixado pelos líderes, tanto os bons quanto os maus exemplos. Até lá!

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