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O que preparei para hoje parece até um daqueles casos de televisão, mas, quando conheci a pessoa, fiquei realmente impressionado com a história que me contou.

Ramón era um mineirinho de família bastante simples. Ele, mesmo muito jovem, começou a trabalhar na confecção de bijuterias. O belo-horizontino era muito aplicado. Desde a escola, procurava estudar bastante e se dava bem com os colegas.

O garoto cresceu, terminou parte dos estudos e decidiu ir ao Rio. Sempre sonhou em conhecer a Cidade Maravilhosa e achou que lá era um bom lugar para vender seus produtos. As joias, após anos de prática, estavam mais elaboradas, e a variedade de materiais e seus designs e composições conquistavam os transeuntes que passavam por uma das praças da cidade.

Eis que certo dia passa uma mulher, olha seu mostruário e pergunta se o rapaz aceitaria conversar um momento. "Não posso perder tempo, preciso trabalhar" ele se queixa. "Se eu comprar todas as ‘bijus’ que estão aqui você conversaria comigo?", ela retruca. De sorriso no rosto, ele devolve "até amanhã, se você quiser".

Ela revelou mais tarde ser a editora-chefe de uma importante revista de moda, e pediu que ambos se encontrassem no prédio da redação em que ela trabalhava uma semana depois. Com o dinheiro da venda, investiu em materiais para confeccionar mais produtos e trabalhou a semana toda em novas peças. No dia combinado, pessoas que haviam lido a revista compareceram em massa ao local combinado para comprar aqueles produtos "singulares e de beleza única", como a editora havia descrito na edição daquela semana da revista, acompanhada de muitas fotos dos produtos.

O preço que ele havia estipulado mentalmente foi facilmente derrubado pela editora. "Cobre seis vezes este valor. Seus produtos são lindos e irão se esgotar como água". Dito e feito. Sua mercadoria esgotou-se e o dinheiro arrecadado com as vendas foi estrondoso para as expectativas dele. Mal acreditava naquilo tudo. A praça e o prédio da redação viraram seus pontos de venda oficiais, e a clientela feminina era fiel. Pediam produtos de um jeito, pediam de outro jeito, e ele personalizava de acordo com as ordens das clientes.

Após ter se tornado o "joalheiro das bijuterias ambulantes", a televisão o procurou. O sucesso foi ainda maior. As vendas, que já estavam altas, faziam-no agora trabalhar noite e dia nas peças. Havia lista de espera para a confecção dos pedidos, "Sô um só, mas eu dô conta!", dizia o mineirinho. Alguns clientes forneciam inclusive o material, pois queriam peças únicas e com o material que mais apreciavam. O carisma do mineiro, aliado à sua meiguice e simplicidade também cativavam o público.

Pouco tempo depois, um empresário local abordou Ramón e perguntou-lhe quanto cobraria para vender a marca que ele criara. Ramón, muito simples, respondeu "uns dez mil reais". O empresário, para sua surpresa, devolveu um "dez milhões não. Para mim, no máximo dois".

O dinheiro no bolso rendeu casa nova aos pais e irmãs, além de uma só dele agora no Rio. Com o restante do dinheiro, abriu a própria loja e deixou uma reserva como garantia. Hoje, seu pequeno comércio, sob a imagem da nova marca, continua fazendo sucesso. Afinal de contas, o que o fez se destacar não foi a marca, mas a simpatia e o relacionamento com os clientes, além da habilidade técnica e criativa extremas.

Pode parecer uma história de empreendedorismo, "ideias que deram certo", sorte, destino ou qualquer outra coisa do tipo, mas o tema desta semana fala sobre a inteligência emocional e a experiência profissional.

A escola fez o papel de oferecer o conceito base sobre as habilidades relacionais e laborais a Ramón. Pesquisas, prazos, lições de casa, trabalhos em grupo etc. No mundo corporativo, reconhecer os próprios sentimentos, manejá-los e utilizá-los nas relações com os outros (classificado como a inteligência emocional), somado à habilidade técnica e o tempo de experiência em uma ou mais funções (experiência profissional) ajudam a formar os profissionais que conhecemos hoje.

Falarei mais profundamente sobre isso na coluna Talento em Pauta desta terça-feira. Até lá!

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