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O ditado já dizia que "errar é humano", e outros completam que "permanecer no erro é burrice". Confesso que concordo plenamente. Os erros existem e nenhum de nós está isento de cometer uma ou outra falha. O importante é tirar proveito de nossos próprios erros para aprendermos e evitarmos que eles se repitam. Caio vivia me contando os disparates que ocorriam em sua empresa, pois acreditava que, discutindo os erros um por um, poderia encontrar ideias para impedir que eles voltassem a acontecer. Foi numa dessas conversas que ele me contou a história de Anderson, o analista financeiro que repetia erro atrás de erro.

Segundo Caio, ao entrar na empresa, Anderson, logo de cara, disparou alguns e-mails com informações confidenciais, sem querer, para pessoas que não poderiam ter acesso àqueles dados. Por causa de uma pequena troca de letras no endereço eletrônico do chefe imediato, enviou uma apresentação de fechamento do semestre para um analista de outra área. Por mais que a pessoa que a recebeu fosse da mesma empresa, seu chefe ficou bastante indignado, pois as informações eram realmente sigilosas, já que se tratava de resultados financeiros.

Por ser sua primeira semana na empresa, Robson, seu chefe, apenas lhe chamou a atenção e pediu que tomasse mais cuidado das próximas vezes, checando sempre o endereço de e-mail com atenção para evitar situações semelhantes. Porém, antes de completar o primeiro mês na empresa, Anderson cometeu outro erro parecido. Ao receber um orçamento muito alto para um material que eles iriam confeccionar, quis encaminhá-lo ao chefe, fazendo algumas considerações a respeito. Em seus comentários, chegou a escrever que aquele fornecedor devia ter ficado louco para cobrar valor tão alto. O problema se deu quando, em vez de clicar em "encaminhar e-mail", clicou em "responder e-mail", devolvendo ao fornecedor o orçamento com várias considerações delicadas a seu respeito.

Caio contou-me que Anderson cometia um erro atrás do outro. Chegou a um momento, inclusive, em que ele não sabia mais como chamar a atenção do rapaz, pois percebia que se tratava de pura desatenção. Anderson foi convocado, então, para um treinamento de organização. Nesse treinamento, ele aprendeu sobre a importância de checar e-mails e endereços antes de enviar, de organizar o dia para dar prioridades corretas a cada tarefa e de preparar com zelo cada material que fosse enviado a clientes internos e externos. Mas os desentendimentos continuaram acontecendo com frequência.

Robson chegou a comunicar a Caio a possibilidade, que vinha considerando, de demitir o rapaz. Sua defesa era justa: "queria os melhores profissionais em sua equipe e erros frequentes eram imperdoáveis". Foi então que Caio interveio e pediu que ele desse mais uma chance ao jovem. Para Caio, Anderson tinha um potencial muito bom, só faltava mesmo ser mais atento a detalhes. Explicou a Robson que ninguém é perfeito e que, na maioria dos casos, a gente só aprende errando. Como o rapaz ainda era muito jovem, provavelmente ainda erraria muito e cabia a Robson analisar cada falha e fazê-lo aprender com as próprias mancadas.

Robson precisou desenvolver um pouco de sua paciência para ajudar o funcionário. Tudo que o rapaz entregava aos clientes (internos e externos) era, antes, crivado pelo chefe. Nem mesmo os e-mails que ele enviava saíam de seu Outlook sem que antes Robson aprovasse. Outra mudança fundamental foi que, em vez de apenas corrigir os erros do rapaz, Robson passou a apontar os erros e a refletir, junto com Anderson, o porquê de os erros acontecerem e como fazer para consertá-los. Caio contou-me que no começo ambos ficaram estressados e que a convivência se tornou um tanto quanto conturbada. Porém, com o passar do tempo, o rapaz foi acertando cada vez mais. E Robson, por sua vez, foi adquirindo confiança no rapaz.

O resultado disso foi um maior senso de responsabilidade do analista, que antes não entendia a importância de ter um esmero especial com as coisas que fazia. Sua demissão foi descartada, já que, com o senso de responsabilidade, veio, também, uma maior qualidade na execução de seu trabalho. Anderson aprendeu que, quando nos propomos a fazer alguma coisa, precisamos nos dedicar de forma consciente e buscar sempre fazer o melhor que podemos. Robson, por sua vez, começou a ter orgulho de sua equipe – especialmente de Anderson, que demonstrou uma melhora significativa. E meu amigo comprovou, por fim, que os erros não devem se repetir; porém, quando analisados cuidadosamente, só têm a nos ensinar.

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