Há mais ou menos seis meses, precisei contatar um profissional que não via há muito tempo para oferecer uma excelente oportunidade de trabalho. Era uma vaga para superintendente de um importante complexo de empresas, e em minha cabeça não imaginava em pessoa mais indicada do que Jônatas. Conheci a trajetória profissional do executivo e sempre o admirei muito, visto o crescimento rápido e concreto que ele conquistou em sua caminhada.

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Da primeira vez que o procurei, fui atendido por uma simpática secretária, que me informou que Jônatas estava em reunião naquele dia, pedindo para eu retornar no dia seguinte. Assim fiz, porém novamente fui atendido pela moça, que me informou a mesma coisa do dia anterior. Tentei por diversos dias falar com Jônatas em horários diferentes, na tentativa de encontrá-lo disponível, mas a moça sempre me atendia e dizia que ele estava em reunião.

Quase 15 dias após a primeira tentativa, resolvi fazer uma visita pessoal, acreditando que sua secretária arrumaria um jeitinho de me colocar frente a frente com o executivo. Ora, era uma excelente oportunidade para ele, e se ele imaginasse as minhas intenções, certamente não deixaria que a secretária me barrasse tantas vezes.

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Chegando lá, entretanto, a recepção foi bem diferente do que eu esperava. Apesar de extremamente educada, a assistente de Jônatas afirmou veementemente que não era possível interrompê-lo em uma reunião com um importante cliente. Pedi, então, que marcasse um horário para que, enfim, eu pudesse conversar com ele. Fiquei embasbacado, entretanto, quando a moça me informou que ele só teria um horário disponível dali a quase dois meses. Como um profissional pode ter uma agenda tão cheia ao ponto de não poder atender um telefonema pelos próximos dois meses?

Expliquei à moça que não precisava da tal reunião, somente queria que ela lhe desse o recado para me ligar, afinal o assunto era de interesse muito mais dele do que meu. Foi aí que a moça me explicou que já havia dado o recado ao executivo, mas que realmente ainda não lhe sobrara tempo para me ligar. Encarei a situação como, no mínimo, estranha. Afinal, todos têm cinco minutos de folga para fazer uma ligação. Ainda mais Jônatas, que sempre me tratara tão bem e com tanta atenção.

Cheguei ao escritório desolado, sem saber como informar ao executivo que eu tinha uma oportunidade realmente muito boa. Foi tentando achar uma solução que lembrei que minha filha mais velha se formou com a esposa de Jônatas e, após um telefonema para minha filha, consegui seu telefone residencial.

Com o número em mãos, hesitei e ponderei sobre procurá-lo em sua casa, já que se tratava de assuntos profissionais. Antes que eu decidisse, porém, minha assistente me avisou que Jônatas estava na linha me procurando. Atendi e, antes que eu dissesse qualquer coisa, o executivo pôs-se a se desculpar pela pouca acessibilidade. Explicou-me que nos últimos dias vinha encarando horas e horas de reuniões com clientes, fornecedores e colegas de trabalho.

Curioso, perguntei se estava organizando algum evento especial, ou se era época de planejamento estratégico. Jônatas me explicou que era um pouco de tudo, na verdade, mas que, impressionantemente, ele não conseguia mais achar tempo para fazer tarefas simples e rotineiras, pois a agenda dele estava sempre repleta de reuniões.

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Jônatas contou, inclusive, que havia muito tempo não almoçava com a esposa e os filhos, pois até nesse horário precisava agendar encontros com alguns clientes que também encontravam dificuldade de agendas. Percebi que, na verdade, Jônatas estava assoberbado de responsabilidades que nem lhe diziam respeito. Precisava de assistentes, já que vinha executando vários papéis, alguns definitivamente fora do escopo de suas funções.

Por alguns motivos, que não cabe citar aqui, Jônatas acabou não ficando com a oportunidade. Porém, preocupado em bem orientá-lo, sugeri que conseguisse mais tempo para questões corriqueiras. Caso contrário, com o tempo se tornaria uma pessoa cansada, inacessível e esquecida.

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