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Algumas pessoas se preocupam muito com o futuro. O que farão, como e do que viverão quando ficarem mais velhas, e assim por diante. Sérgio era uma dessas pessoas.

Funcionário de um banco praticamente a vida toda, fez suas poupanças em investimentos diversos em toda a vida. Por menores que fossem, sempre guardava alguns trocados para investir. Queria muito garantir aquela gordurinha em casos de emergência, assim como uma fonte estável de renda para o período em que não fosse mais trabalhar.

Por mais que parecesse sempre algo muito distante, Sérgio já se planejava. Até que, como para todos nós, o tempo passou. Quase em seus 50 anos, resolveu que iria parar de trabalhar. "É hora de eu fazer o que gosto e descansar". Porém, poucos meses depois, descobriu que não conseguiu aceitar e conviver com as tarefas domésticas, ficar em casa o dia todo ou, simplesmente, não trabalhar. Sentia falta dos colegas, da convivência, do café da empresa e tantas outras coisas.

Mas, ao decidir voltar para a empresa, era tarde demais. O banco em que trabalhava havia sido vendido e fechado, e isso lhe deu uma ideia: abrir a própria empresa. Sempre teve uma forte atração por fusões e aquisições de empresas, e decidiu montar um escritório que prestasse assessoria para essas questões. Começou então, sozinho, a empresa própria aos 50 anos.

Em um dia desses, encontrei-o na rua. Em um café, contou-me a história que agora lhes conto. Dezesseis anos depois de ter aberto sua empresa, e de tê-la feito prosperar, deu-se conta que não havia seguido seus planos. Continuara trabalhando muito para que sua empresa tivesse sucesso, ao invés de se dedicar ao que gostava e à autossatisfação – apesar de gostar muito de seu trabalho. Aos 66 decidiu, de maneira definitiva, que não queria mais a responsabilidade de carregar os resultados do negócio nas costas e passou a atuar na empresa como conselheiro somente em casos e questões de alta importância.

Amante dos livros e de História, voltou aos estudos, decidiu aprender a tocar piano, fez aulas de jardinagem, pintura e tantas outras coisas que sempre sonhara em fazer – mas não conseguia pela dedicação incessante ao trabalho. Havia trabalhado como uma formiga, toda a vida – e somente a idade lhe fez enxergar que já havia passado da hora de parar.

A história de hoje pode parecer um tanto distante para a maioria de nós. Afinal, aposentadoria nos remete muitas vezes ao "fim da vida", mas esse conceito está cada vez mais distante, já que vivemos cada vez mais, e precisamos todos aprender a conviver com o ócio, que estará presente em uma parte cada vez maior das nossas vidas. Desejo lembrar aqui que cada um tem seu tempo e limite (seja ele físico ou mental) para finalizar as atividades profissionais – e descobrir a hora certa de parar é importante para todos.

Na coluna Talento em Pauta desta terça-feira falarei melhor sobre esse momento da aposentadoria – que fatores estão envolvidos na hora da decisão de parar ou continuar trabalhando? Até lá!

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