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De todas as situações que os profissionais enfrentam no trabalho, talvez uma das mais frustrantes seja a seguinte: alguém que acabou de entrar na empresa consegue aquela tão desejada promoção quando, na verdade, você pensava que deveria ser sua. Imagine só você, com anos de trabalho e dedicação na mesma empresa, perde a vaga para alguém mais novo, há menos tempo na empresa.

Apesar de ser dura de engolir, a situação é bastante comum e me lembra de uma história que reflete bem esse sentimento de "injustiça" que muitos vivenciam.

Miguel tinha trinta e oito anos e trabalhava numa empresa de médio porte. Magro, esguio e de feição séria que combinava com sua postura conservadora e objetiva. Casado e pai de dois filhos já adolescentes, mantinha um padrão de vida muito bom, devido a seu cargo e ao ótimo desempenho no trabalho.

Era o mais experiente dos três coordenadores que a empresa possuía e todos o respeitavam e admiravam pelo seu perfil ético e profissional. Sempre executou seu trabalho como lhe era requisitado, nunca cometera um deslize profissional. Fazia tudo dentro dos prazos estabelecidos, ajudava os colegas e obtinha ótimos resultados ao final do mês. Por sinal, os melhores.

Um dia, o seu superior, o diretor da empresa, anunciou a todos que se afastaria do trabalho por motivos pessoais e precisaria de um substituto definitivo para o cargo. Por mais que Miguel gostasse de seu trabalho como coordenador, queria muito assumir a diretoria da empresa. A posição de destaque lhe permitiria ter controle sobre as outras áreas e, assim, poderia aprimorar várias coisas na empresa – além de ter uma remuneração maior, é claro.

Durante todo esse período de preparação para a saída do diretor, Miguel mostrou ainda mais serviço. Finalizou todas as suas tarefas antes do prazo, trabalhou horas e horas extras em projetos que ele pretendia implantar como diretor e conseguiu aprimorar ainda mais os resultados da equipe. Queria mostrar que era o mais apto e preparado para assumir o cargo. Afinal, esperava aquilo há quatro anos.

Por ter consciência de seu ótimo desempenho durante todos aqueles anos, tinha certeza de que entre todos os coordenadores, seu superior o escolheria. Ele nunca tinha ouvido reclamações ao seu respeito e sempre realizou adequadamente o seu papel. Miguel estava confiante e certo de que seria devidamente reconhecido.

O dia da saída do diretor havia chegado, e o presidente da empresa chamou, além do diretor, os três coordenadores para uma reunião. Animado, Miguel tinha certeza que daquele dia em diante ele seria o diretor da empresa.

O diretor fez questão de tecer pomposos comentários a Miguel, o mais experiente de todos, e sucessivamente a cada um dos outros dois coordenadores – um deles há apenas um ano na empresa, porém de grandes resultados. Após os feedbacks chegarem ao fim, e o anúncio oficial da saída do diretor ser dado, o presidente comentou sobre a dura decisão de escolher quem ocuparia a direção. E veio a grande surpresa.

Miguel não fora o escolhido para o cargo. O colega que estava há menos tempo na empresa foi eleito o novo diretor, pois possuía características de liderança que eram mais compatíveis com os objetivos da empresa.

Miguel ficou enfurecido e sentiu-se injustiçado, afinal, sempre desempenhou muito bem o seu trabalho. Por que então ele não foi promovido?

O que Miguel não entendeu naquele momento – e a maioria das pessoas não entende – é que não basta simplesmente cumprir ordens corretamente para ser um líder. É preciso ter características comportamentais específicas como capacidade de planejamento, intuição, potencial para aprender e se adaptar rápido, competência para implementação e condução de projetos, carisma, entre outros. A liderança também não se resume ao bom desempenho do trabalho, pelo contrário, os aspectos comportamentais são ainda mais importantes que os técnicos.

Felizmente, após certo tempo, Miguel reconheceu que não conseguiria executar o trabalho de um diretor tão bem quanto executava o de coordenador. Sabendo das suas qualidades e limitações, continuou coordenando a empresa, porém negociou uma remuneração superior já que era, de longe, o mais eficiente e experiente no cargo em relação aos demais.

E você? Passou por uma situação semelhante? Descubra se você tem o perfil de líder e porque esse tipo de promoção acontece na Coluna Talento em Pauta desta terça-feira. Até lá!

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