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Tombini: governo quer política de juros “menos severa” | Ueslei Marcelino/Reuters
Tombini: governo quer política de juros “menos severa”| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Indústria critica

Uma sondagem da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostrou que mais de 80% dos empresários pretendem investir com recursos próprios neste ano. Não significa que a indústria esteja alheia à alta dos juros. "Se houvesse juros competitivos, poderíamos crescer ainda mais", afirma Roberto Zurcher, economista da entidade. O Ipardes estima que a economia do Paraná cresceu quase 5% em 2013, bem acima da expansão nacional. "Mas esses números são do passado", argumenta Zurcher. Para manter resultados parecidos em 2014, o estado depende principalmente de que uma boa safra se confirme.

Empréstimos

Momento delicado para financiar imóvel e carro

Juros altos configuram um momento ruim para quem pretende emprestar dinheiro para comprar imóvel ou carro. No caso do imóvel, a escolha passa por uma análise de preços. E ao contrário do se pensa, a espera é uma opção a se considerar. "As pessoas não podem entrar na conversa de vendedores que falam que imóvel nunca cai de preço, porque não é verdade", afirma Jurandir Sell Macedo, do Instituto de Educação Financeira, ligado ao banco Itaú.

É preciso considerar o impacto que um financiamento a longo prazo pode ter se o aumento dos juros se refletir no crédito imobiliário. Também vale pesar o risco de imóveis comprados na planta não serem entregues no prazo.

Mais caro e difícil, o financiamento de carros também não é uma boa pedida para 2014. Mesmo as parcelas pré-fixadas podem não ser vantajosas caso a taxa de juros baixe ao longo do ano. "Existe consenso de que a Selic vai subir, mas e se começar a cair? Em finanças, a tentativa de simplificar acaba sempre complicada", diz Macedo.

A sétima alta consecutiva da taxa básica de juros (Selic), que deve ser oficializada hoje, serve de alerta para investidores e para quem planeja comprar bens caros em 2014. Especialistas em planejamento financeiro consultados pela Gazeta do Povo dizem que a melhor opção do ano será pelo conservadorismo. Exemplo: ainda que a caderneta de poupança corra o risco de se tornar desvantajosa se a Selic chegar a 12%, melhor refletir antes de trocar de aplicação.

Boa parte do mercado financeiro acredita que a Selic deve passar hoje a 10,75% ao ano – uma alta de 0,25 ponto percentual após seis aumentos sucessivos de 0,5 ponto. É o mesmo patamar da época em que Alexandre Tombini assumiu a chefia do Banco Central, em janeiro de 2011. A esperada desaceleração da alta de juros tem a ver com o enfraquecimento das projeções de crescimento da economia, e com a meta de superávit primário anunciada pelo governo. Ao anunciar o objetivo fiscal, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu que a política monetária pode ser "menos severa".

Para investidores, a liquidez e a facilidade da poupança são características vantajosas em um ano incerto, afirma o economista Louis Frankenberg. Ele aconselha poupadores a usar o tempo que eventualmente a Selic pode levar até atingir os 12% para comparar fundos de renda fixa, ponderando o custo das taxas de administração e a mordida do Imposto de Renda – débitos desconhecidos de quem sempre adotou a poupança.

"Não pode pular cada mês de um lugar para outro", diz ele, citando que as taxas são altas no Brasil e o ano eleitoral pode incluir manobras políticas na economia. "As coisas mudam rapidamente e é melhor ficar quieto onde já está e sabe que será bem atendido, nem que seja para perder meio ponto porcentual." Frankenberg avalia que a estratégia óbvia para um ano de crédito difícil e caro será poupar, em especial no caso de pessoas que não têm "rede de proteção" – reserva equivalente a um ano de despesas para ser usada quando preciso.

O doutor em Economia Elisson de Andrade acredita que um país de política econômica instável pede diversificação de investimentos. "Assim, você perde aqui, mas ganha ali", explica ele, que adota a tática. Fora isso, Andrade costuma aconselhar amigos a sempre pesquisarem títulos de Tesouro Direto atrelados a Selic, como as Letras do Tesouro Nacional (LTN).

"Por um simples motivo: para o governo não faz sentido que o título renda menos do que a poupança; é ruim para eles", explica. Andrade ressalta, porém, que títulos com taxas pré-fixadas não são boa opção em épocas de tanta intervenção do governo.

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