As corretoras de valores mobiliários iniciaram ontem a reserva para compra de ações da fabricante de nãotecido paranaense Companhia Providência Indústria e Comércio, que serão negociadas a partir do dia 27 com o código PRVI3. Cada investidor pode reservar de R$ 3 mil a R$ 300 mil em ações até o dia 24. No dia 25, será fixado o preço por papel, estimado entre R$ 14 e R$ 18, o que significa que a empresa irá arrecadar de R$ 441 milhões a R$ 562 milhões pela emissão de 31,25 milhões de ações primárias.
Após a emissão primária, a empresa pode vir a emitir um novo lote. O montante será usado para amortizar dívidas, formar capital de giro, investimentos e possíveis compras. Em junho, a empresa iniciou a aquisição da mineira Isofilme, ainda em andamento. A Providência é controlada desde o fim do ano passado por diversos fundos de investimento e pelo banco Espírito Santo Capital. Os acionistas destinaram 36,25% das ações ao mercado.
O momento em que adere ao Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (em que as empresas se comprometem com níveis de governança acima do exigido) é de crescimento da economia global e enorme liquidez, como define o diretor da corretora Ágora Sênior, Álvaro Bandeira. Além do bom nível de capitalização das empresas nacionais e internacionais, ele destaca a relativa previsibilidade para o restante do ano. "O investidor está aberto a riscos", diz.
A Providência detém 45% do mercado de nãotecido nacional. Matéria-prima de fraldas, absorventes higiênicos, lenços umedecidos e roupas médicas descartáveis, o produto feito com polipropileno tem grande potencial de expansão no país, onde há bolsões em que os descartáveis começam a ser usados, com a elevação da renda. "O setor cresce de 8% a 10% ao ano", diz o secretário da Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos (Abint), Jorge Saito.
Além de ter para onde crescer, são poucos os concorrentes da empresa que usam sua tecnologia, a "spunbonded", uma das mais avançadas. "É um mercado de investimentos pesados. Uma única máquina custa R$ 35 milhões", explica Saito.
Fundada em 1963, a Providência é proprietária da marca Kami, líder de mercado na América Latina. A companhia também fabrica tubos e conexões para os segmentos predial, de infra-estrutura e irrigação, com a marca Provinil. O terceiro e menor braço produz embalagens flexíveis.
No ano passado, a receita líquida do grupo alcançou R$ 501 milhões, crescimento de 1,1% sobre 2005.
Paraná na Bolsa
A Providência é a quinta empresa paranaense a abrir capital em menos de um ano. O destaque no portfólio das novatas é a operadora GVT, que acumula 116% de valorização desde a abertura. Ontem, o papel subiu 4,19%, cotado a R$ 39. A Positivo Informática também cresceu bastante, 85%, a R$ 43,63. A fabricante de produtos para automação Bematech tem 30% de alta, a R$ 19,55. Apenas a mais recente, Paraná Banco, registra desvalorização de 5,7%. Ontem ela se recuperou levemente, em 1,53%.
Deixe sua opinião