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Repercussão Comércio e indústria pedem cortes maiores

A redução da taxa Selic em apenas 0,25 ponto porcentual não agradou ao comércio nem à indústria. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures afirmou que a decisão do Banco Central é "lamentável" e demonstra que há "dicotomia dentro do governo federal", já que o Banco Central estaria barrando o crescimento ao mesmo tempo em que os ministros falam no Programa de Aceleração do Crescimento, divulgado em janeiro.

Para Rocha Loures "o Banco Central não está voltado para o bem comum, para o desenvolvimento. É pautado por influência do sistema financeiro e está institucionalizando a recessão".

Clamor

A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) avalia que "a atual política econômica compreende a manutenção de um câmbio valorizado e juros elevados enquanto o setor produtivo clama exatamente pelo contrário. Ou seja, juros menores e câmbio menos valorizado. Bastaria reduzir a Selic que o câmbio se ajustaria automaticamente".

Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação Comercial de São Paulo, também defende um corte maior na Selic. "Passada essa fase de turbulência externa, esperamos que o Banco Central retome a redução dos juros em ritmo mais acelerado".

Brasília – O Banco Central encontrou nas incertezas em relação ao futuro da economia mundial a justificativa para manter o ritmo menor de redução da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou ontem que a Selic passará de 13% para 12,75% ao ano.

A magnitude do corte é a mesma da reunião anterior e era a aposta majoritária dos analistas do mercado financeiro. No entanto, havia a expectativa de que o ritmo pudesse ser acelerado para estimular o crescimento da economia. No ano passado, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 2,9%.

A decisão foi tomada no momento em que os mercados financeiros analisam se as perdas detonadas pela instabilidade na Ásia foram apenas um susto ou a possibilidade de um real desaquecimento. Mais preocupante, há temores sobre o nível de atividade e inflação nos EUA.

Internamente, o BC anunciou na semana passada a saída de Afonso Sant’anna Bevilaqua da diretoria de Política Econômica. Ele era visto como um dos mais conservadores. No seu lugar está o diretor de Estudos Especiais, Mario Mesquita, que passa a acumular as duas funções.

Em relação à economia brasileira, não há sinais de que a meta de 4,5% de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não seja alcançada. No ano passado, os preços subiram 3,14%.

Na ata da última reunião, o Copom previa uma expansão da indústria neste ano beneficiada pelas desonerações de impostos e pelo processo de corte das taxas taxas – sete pontos percentuais desde setembro de 2005. O documento reafirmava ainda que os efeitos da redução demoram para causar efeitos na economia.

No entanto, em caso de aceleração da economia, a indústria tem capacidade de aumentar a capacidade de produção para atender ao aumento da demanda. Sem essa disponibilidade de produzir mais, o aumento da atividade econômica poderia gerar pressão sobre os preços. Em setembro de 2004, esse temor fez com que o Copom aumentasse os juros.

Os analistas não apostam em um forte crescimento da economia neste ano. A projeção é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha um aumento de 3,5%, menor que o previsto pelo BC no "Relatório de Inflação", de 3,8%. Mas a aposta maior ainda é a que consta do Programa para Aceleração do Crescimento (PAC), de 4,5%.

Este é o 14.º corte de juros consecutivo promovido pelo Copom desde setembro de 2005. Desde então, a queda acumulada é de sete pontos porcentuais. Em 2007, a Selic já recuou 0,50 ponto porcentual.

Consenso

A última vez que o Copom entrou em consenso foi na reunião de outubro do ano passado, quando a taxa foi reduzida de 14,75% para 14,25% ao ano. Nas duas últimas reuniões houve divisão pelo mesmo placar de 5 a 3. No encontro de janeiro, três diretores do BC votaram por uma queda de 0,50 ponto porcentual. A maioria, entretanto, optou pelo corte de 0,25 ponto porcentual. A situação foi inversa na reunião de dezembro do ano passado. Três diretores votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual. A maioria acabou preferindo a redução de 0,50 ponto porcentual.

A ata da reunião que começou na terça-feira e terminou ontem será divulgada na quinta-feira da semana que vem.

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